Política / Justiça
Projeto Antifacção reacende tensão entre Lula e o presidente da Câmara, Hugo Motta
Indicação de Guilherme Derrite para relatar a proposta provoca atrito entre Planalto e Congresso; Motta defende análise técnica e renomeia projeto como “Marco Legal do Combate ao Crime Organizado”
10/11/2025
11:30
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
Após um período de trégua e cooperação política para reorganizar a base do governo na Câmara dos Deputados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), voltaram a se desentender. O novo foco de atrito é o projeto de lei Antifacção, uma das principais bandeiras do governo federal na área de segurança pública.
O Planalto acusa Hugo Motta de deslealdade por ter indicado o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) — atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, aliado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e adversário político de Lula — para relatar a proposta.
Segundo assessores presidenciais, a escolha é vista como uma tentativa de entregar o protagonismo de um projeto estratégico ao campo oposicionista, em uma área sensível para o governo petista.
“Motta está fazendo um jogo duplo, apoiando o governo em certos momentos e, em outros, se alinhando à oposição”, reclamaram auxiliares de Lula.
Aliados de Hugo Motta, por outro lado, afirmam que o presidente da Câmara mantém postura institucional e busca equilíbrio entre as forças políticas da Casa.
“Esse é o papel dele: dialogar com todos os grupos e garantir o avanço de pautas que interessam ao país, não apenas ao governo”, disseram interlocutores próximos.
Em resposta direta às críticas, Motta declarou que o texto terá análise técnica e não partidária, e anunciou que o projeto passará a ser chamado de “Marco Legal do Combate ao Crime Organizado” — uma tentativa de tirar o tema da disputa ideológica e ampliar o consenso no Congresso.
Lula, segundo fontes do Planalto, reclamou pessoalmente com Hugo Motta sobre a indicação de Derrite e teria cobrado mais “alinhamento político” em matérias de alta visibilidade pública. Para o presidente, o tema da segurança é ponto vulnerável da esquerda e deveria permanecer sob controle direto da base governista.
Motta, no entanto, reforçou em mensagem publicada no domingo (9) que o Congresso não deve se pautar por disputas eleitorais:
“Não importa de onde a ideia vem. Se ela é boa para o país, a gente leva adiante.”
O deputado concluiu tentando suavizar o impasse:
“O PL do Marco traz o melhor do projeto apresentado pelo governo federal e o melhor das iniciativas debatidas no Congresso — e tudo isso sem perder a nossa soberania.”
A Lei Antifacção é uma das apostas do governo Lula para endurecer o combate às facções criminosas e milícias, em resposta à escalada da violência e à crise de segurança pública em grandes centros. O texto prevê novos instrumentos de investigação, aumento de penas e integração de bancos de dados nacionais sobre o crime organizado.
A escolha de Derrite como relator, no entanto, acirra a disputa entre o Planalto e o Congresso, evidenciando o desafio do governo em consolidar uma base estável em um tema que envolve poder, segurança e narrativa política — e que promete novas rodadas de embates nos próximos dias.
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