Campo Grande (MS), Quinta-feira, 18 de Dezembro de 2025

Política / Transporte Público

Bastidores: Intervenção no transporte expõe racha na Câmara e cautela extrema da Prefeitura

Decisão judicial sobre o Consórcio Guaicurus divide vereadores, gera ironias nos bastidores e mantém Executivo em silêncio estratégico

18/12/2025

08:10

O CONTRIBUINTE

Luiz Guilherme Kalache

©DIVULGAÇÃO

A decisão da Justiça que autorizou a intervenção no contrato do Consórcio Guaicurus caiu como uma bomba política nos bastidores da Câmara Municipal de Campo Grande e também gerou reação cautelosa dentro da Prefeitura. Longe dos discursos públicos, o clima entre vereadores e integrantes do Executivo foi marcado por surpresa, humor ácido, irritação e divisão interna.

Conforme apurou o O Contribuinte, a notícia da intervenção judicial foi recebida na Câmara com reações completamente distintas entre os parlamentares, revelando a ausência de consenso sobre o futuro do transporte coletivo da Capital.

Câmara dividida: defesa do consórcio, cautela e aposta na mudança

Nos bastidores, existe uma ala de vereadores que defende abertamente o Consórcio Guaicurus, independentemente do agravamento da crise financeira da empresa. Para esse grupo, mesmo diante do fato de o consórcio não conseguir honrar o pagamento dos trabalhadores neste período de fim de ano, a intervenção é vista como um excesso do Judiciário e um risco institucional.

Outro grupo, considerado mais prudente, acredita que a decisão judicial não se sustenta no longo prazo. Esses parlamentares avaliam que o consórcio deve recorrer e que a intervenção pode ser revertida em instâncias superiores, razão pela qual evitam qualquer posicionamento mais firme neste momento.

Há ainda uma ala que demonstra preocupação com a capacidade da Prefeitura de administrar mais uma crise. Para esses vereadores, a prefeita Adriane Lopes enfrenta dificuldades para colocar em ordem áreas consideradas fundamentais, como saúde e infraestrutura, citando problemas recorrentes como a situação dos buracos nas vias da cidade e falhas em serviços essenciais. Nesse entendimento, a intervenção no transporte coletivo seria mais um problema que não será resolvido, com o cidadão novamente penalizado.

Ala que comemora e ala que ironiza

Por outro lado, uma ala minoritária de vereadores vê o momento como oportuno para uma mudança estrutural no contrato de concessão. Esse grupo sustenta que o serviço prestado pelo Consórcio Guaicurus piorou sensivelmente nos últimos meses, especialmente após a CPI do Transporte Coletivo.

Segundo esses parlamentares, mesmo com Prefeitura e Governo do Estado mantendo seus compromissos financeiros, o consórcio não pagou os trabalhadores, o que levou à greve logo no primeiro dia de paralisação. Para essa ala, a intervenção é vista como inevitável e até tardia.

Há também um pequeno grupo que comemora abertamente a decisão judicial e afirma querer “ver até onde isso vai”, tratando a intervenção como um divisor de águas para o sistema de transporte da Capital.

Já a ala mais bem-humorada da Câmara trata a decisão com ironia e descrédito. Esses vereadores não acreditam que a intervenção vá, de fato, sair do papel e encaram o episódio quase como uma novela jurídica, reagindo com risadas e comentários céticos sobre o desfecho do caso.

Prefeitura reage com cautela e silêncio político

Nos bastidores da Prefeitura de Campo Grande, a reação também foi de surpresa, mas acompanhada de absoluta cautela. As poucas fontes ouvidas pelo O Contribuinte limitaram-se a repetir a posição oficial: o município cumprirá as decisões judiciais assim que for formalmente notificado.

Segundo esses interlocutores, caso a notificação chegue, a Prefeitura irá se organizar administrativamente para cumprir o que foi estabelecido pela Justiça, dentro dos prazos e condições fixados.

No entanto, nenhum dos ouvidos quis emitir qualquer juízo de valor sobre a intervenção. Não houve manifestações se a gestão é favorável ou contrária à medida, nem avaliações políticas sobre os impactos da decisão.

O silêncio estratégico indica que, ao menos por ora, o Executivo municipal prefere não se comprometer politicamente com um tema que divide a Câmara, mobiliza a população e pode gerar consequências administrativas e eleitorais de grande alcance.


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