O deputado Renato Câmara (MDB) voltou a alertar, nesta quinta-feira (16), sobre a crise enfrentada pelo setor leiteiro de Mato Grosso do Sul. Em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa, o parlamentar destacou que a produção estadual caiu quase pela metade na última década, passando de 370 milhões de litros em 2014 para cerca de 190 milhões em 2025, conforme estimativa feita junto a sindicatos da categoria.

Segundo Renato Câmara, o principal gargalo do setor está na industrialização e no alto custo do beneficiamento do leite, agravado pela cobrança de ICMS sobre a indústria local, enquanto o leite cru enviado para outros estados goza de isenção tributária.

“Os laticínios estão em momento crucial de endividamento, muitos produtores não conseguem receber. Estamos falando de mais de 20 mil famílias que vivem dessa atividade. O setor precisa de apoio urgente para não colapsar”, afirmou o deputado.

O parlamentar também ressaltou a defasagem entre os custos de produção e o valor pago ao produtor. Segundo ele, um litro de leite custa em média R$ 2,15, enquanto uma garrafa de água de 500 ml chega a R$ 4, o que evidencia a desvalorização da cadeia produtiva.

“Produzir leite é caro. Envolve manejo, alimentação, veterinário, maquinário e muita dedicação. O produtor acorda de madrugada e não consegue sequer cobrir os custos da ração”, comparou Câmara.

Apoio de Zé Teixeira e proposta de reunião com o governador

O deputado Zé Teixeira (PSDB) endossou as críticas e defendeu uma reunião com o governador Eduardo Riedel (PP) para discutir soluções concretas.

“O leite é essencial à saúde e à economia. A taxação atual prejudica os produtores locais, enquanto o leite de fora entra isento e concorre de forma desleal. É preciso proteger o setor e evitar que os pequenos produtores desapareçam”, destacou Teixeira.

Propostas para reerguer o setor

Renato Câmara anunciou que pretende viabilizar a reunião com o governo estadual, apresentando demandas levantadas pela Frente Parlamentar do Leite, especialmente através do projeto Comitiva Leite Ativa, que percorre municípios diagnosticando os desafios do setor.

Entre as medidas imediatas defendidas estão:

• Inclusão do leite na merenda escolar, por meio do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), garantindo compra direta do produtor local;

• Apoio à certificação de queijos artesanais, valorizando a produção regional;

• Revisão da tributação do ICMS sobre o beneficiamento e transporte interestadual.

“Precisamos de políticas públicas estruturantes. A compra governamental e o incentivo à industrialização local podem salvar milhares de famílias e fortalecer uma cadeia essencial para o Estado”, concluiu Renato Câmara.