Interior / Ribas do Rio Pardo
Ministério Público investiga vereadores de Ribas do Rio Pardo por meio milhão reservado a “indenizações”
Lei municipal é apontada como inconstitucional por permitir gastos que deveriam ser custeados via licitação
25/06/2025
07:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O Ministério Público Estadual (MPE) instaurou inquérito civil para apurar possíveis irregularidades no pagamento de verbas indenizatórias aos vereadores da Câmara Municipal de Ribas do Rio Pardo (MS). A investigação é conduzida pelo promotor George Zarour Cezar, que questiona a legalidade de uma reserva orçamentária superior a R$ 500 mil destinada a esse fim com base na Lei Municipal nº 1.309/2023.
Segundo a denúncia analisada pelo MPE, a atual gestão da Câmara empenhou mais de R$ 500 mil em verbas que seriam indenizatórias, com base em legislação aprovada no início de 2023. A norma estabelece o pagamento mensal de R$ 3.800 por vereador para cobrir despesas como combustível, serviços gráficos e outras aquisições ligadas ao mandato.
Contudo, para o promotor George Zarour, a lei viola o princípio constitucional da remuneração em parcela única, determinado pela Constituição Federal e repetido pela Constituição Estadual, além de afrontar o princípio da isonomia e as normas que regem a contratação pública.
“A legislação autoriza reembolsos que mais se assemelham a gastos operacionais do próprio Legislativo, que deveriam ser realizados mediante licitação e contratos administrativos, e não pagos diretamente aos vereadores”, aponta o promotor.
O conteúdo da lei municipal, segundo o inquérito, não trata de verdadeira verba indenizatória, pois os gastos autorizados não têm natureza emergencial, pessoal ou extraordinária. Ao contrário, referem-se a despesas típicas do funcionamento da Câmara, como impressões, deslocamentos, manutenção de veículos e aquisição de materiais.
Além disso, o MPE aponta que essas despesas deveriam ser pagas diretamente pela Câmara, e não via reembolso aos parlamentares, o que levanta suspeitas sobre possíveis desvios de finalidade e falta de transparência nos gastos públicos.
Com o inquérito civil já instaurado, o Ministério Público vai ouvir os responsáveis pela aprovação da lei, solicitar a prestação de contas dos valores reembolsados e avaliar a possibilidade de ajuizar ação de improbidade administrativa caso se confirmem irregularidades.
Se a inconstitucionalidade da lei for confirmada, o MPE poderá recomendar a suspensão dos pagamentos e a devolução dos valores recebidos indevidamente, além de responsabilização civil e política dos envolvidos.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Lia Nogueira homenageia nipo-brasileiros por contribuição cultural e social em MS
Leia Mais
Prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira, é preso pela PF por suspeita de vazamento de dados sigilosos do STJ
Leia Mais
Pantanal Tech 2025 transforma MS em vitrine nacional de inovação sustentável no agronegócio
Leia Mais
Deputado Rinaldo Modesto destina R$ 2,6 milhões à saúde de 16 municípios de Mato Grosso do Sul
Municípios