Política Internacional
Rubio diz que relação entre EUA e Brasil está em “trajetória positiva” e não descarta encontro entre Trump e Maduro
Secretário de Estado destaca diálogo com Lula, avanços comerciais e sinaliza reaproximação após tarifas e sanções
19/12/2025
14:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou nesta sexta-feira (19) que o relacionamento entre EUA e Brasil está em uma “trajetória positiva”, destacando o bom diálogo entre os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As declarações foram feitas durante coletiva de imprensa em Washington D.C., em resposta a questionamento da jornalista Raquel Krähenbühl, da TV Globo.
Segundo Rubio, houve avanços recentes, especialmente na área comercial, embora ainda existam pontos a serem desenvolvidos na agenda bilateral.
“Acho que avançamos em algumas coisas com o presidente Lula, incluindo comércio, mas ainda há trabalho a ser feito. Os dois presidentes se deram bem, e achamos isso importante. Tivemos divergências ao longo dos anos, mas sinto que esse relacionamento está numa trajetória positiva”, afirmou.
Rubio revelou que conversou recentemente com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e afirmou que há diversos temas de interesse comum entre os dois países. Segundo ele, a Casa Branca pretende aprofundar a cooperação com o Brasil, dentro da nova estratégia de segurança nacional dos EUA, que busca ampliar a influência norte-americana na América Latina por meio do diálogo com governos considerados estratégicos.
As declarações consolidam uma mudança significativa na relação bilateral, que passou por um período de forte tensão nos últimos meses. Em agosto, os Estados Unidos haviam imposto tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros e adotado medidas de pressão política relacionadas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF.
Após encontros diplomáticos — incluindo uma conversa informal na Assembleia Geral da ONU e uma cúpula oficial realizada na Malásia — o cenário começou a mudar. No final de novembro, os EUA anunciaram a retirada das tarifas para mais de 200 produtos brasileiros e a revogação das sanções da Lei Magnitsky aplicadas ao ministro do STF Alexandre de Moraes.
Questionado sobre a possibilidade de os EUA aceitarem a oferta de Lula para mediar tensões entre Estados Unidos e Venezuela, Rubio afirmou que o governo Trump reconhece a boa vontade do presidente brasileiro, mas não confirmou formalmente a mediação.
O secretário de Estado também não descartou um eventual encontro entre Donald Trump e o presidente venezuelano Nicolás Maduro, sinalizando abertura para negociações diretas, apesar do histórico de atritos diplomáticos.
Além das falas de Rubio, parlamentares democratas do Congresso americano divulgaram, nesta sexta-feira, uma carta pedindo que Trump abandone o tarifaço contra o Brasil e adote medidas para aprofundar a parceria bilateral. Os democratas criticam os fundamentos utilizados pelo presidente para justificar as tarifas e as sanções impostas anteriormente.
Mesmo diante das pressões internacionais, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado pelo STF, em setembro, a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. Ele está detido na sede da Polícia Federal, em Brasília, desde o fim de novembro.
Em dezembro, o Congresso Nacional aprovou o PL da Dosimetria, que prevê redução das penas aplicadas aos condenados pelos atos golpistas, tema que segue em debate político e jurídico no Brasil.
No final de novembro, o governo Lula celebrou a decisão dos EUA de retirar a tarifa de 40% aplicada a diversos produtos brasileiros.
“A derrubada da taxa imposta a vários produtos agrícolas brasileiros é uma vitória do diálogo, da diplomacia e do bom senso”, declarou o presidente Lula.
A Casa Branca anunciou a inclusão de mais de 200 produtos brasileiros em uma lista de exceções, entre eles:
carne bovina
café
açaí
cacau
outros produtos agrícolas e industrializados
A medida vale para mercadorias que ingressaram nos EUA a partir de 13 de novembro, data da reunião entre Mauro Vieira e Marco Rubio.
Outra decisão considerada estratégica pelo governo brasileiro foi a revogação das sanções da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, gesto interpretado como sinal claro de reaproximação institucional entre Brasília e Washington.
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