Após um dia inteiro de negociações envolvendo Prefeitura de Campo Grande, Câmara Municipal, Governo do Estado e o sindicato da categoria, os ônibus do transporte coletivo voltaram a circular na Capital no início da noite desta quinta-feira (18). Por volta das 18h, os primeiros veículos deixaram as garagens do Consórcio Guaicurus, encerrando oficialmente a paralisação iniciada na segunda-feira.

A primeira linha a operar foi a 085 – Terminal Morenão/Júlio de Castilho, que saiu da garagem localizada no bairro Ana Maria do Couto. Ao longo da tarde, equipes de manutenção trabalharam na preparação dos veículos, realizando calibragem de pneus, checagem mecânica e acionamento dos motores, que estavam parados há quatro dias.

Acordo garantiu pagamento e encerrou paralisação

A greve foi suspensa após a liberação de 50% dos salários atrasados de novembro e do 13º salário dos trabalhadores. O pagamento só foi possível graças à antecipação de R$ 3,3 milhões feita pelo Governo de Mato Grosso do Sul, referentes ao repasse das gratuidades estudantis previsto originalmente para janeiro.

Segundo o sindicato, o Consórcio Guaicurus precisava de cerca de R$ 1,5 milhão para quitar metade da folha salarial atrasada, além do valor do 13º salário de mais de 1.100 trabalhadores, sendo aproximadamente 750 motoristas.

O acordo foi formalizado em reunião realizada pela manhã na Câmara Municipal, com participação da diretoria do STTCU (Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano).

Estado confirma antecipação do repasse

O governador Eduardo Riedel (PP) explicou que a decisão foi tomada após conversas com a prefeita Adriane Lopes (PP) e com o presidente da Câmara, Epaminondas Papy (PSDB).

“Embora o orçamento já esteja fechado, verificamos a possibilidade de antecipar esse valor. Com a formalização do pedido, conseguimos operacionalizar a antecipação da próxima parcela”, afirmou Riedel.

Prefeitura agradece, mas critica gestão do consórcio

A prefeita Adriane Lopes agradeceu publicamente o apoio do Governo do Estado, mas reforçou que o município está em dia com todas as obrigações financeiras com o Consórcio Guaicurus.

“Entramos em contato com o governador para antecipar o repasse dos alunos da rede estadual, que seria feito em janeiro, para que pudéssemos colocar um ponto final nessa greve”, declarou.

Durante as negociações, a prefeita voltou a criticar a gestão financeira das empresas. Em audiência de conciliação realizada na terça-feira, o presidente do Consórcio, Themis Oliveira, admitiu que, apesar do déficit financeiro, os salários não foram priorizados, tendo sido pagos fornecedores antes dos trabalhadores.

Intervenção judicial pode perder efeito

Com o fim da greve, o próximo desdobramento envolve a decisão judicial que determinou a intervenção no sistema de transporte coletivo. A medida foi assinada pelo juiz Eduardo Lacerda Trevisan, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, com base na necessidade de regularização do serviço.

Diante da retomada da operação, a tendência é que a ordem de intervenção perca o objeto, o que deverá ser analisado pela Justiça nos próximos dias.