Tecnologia / Segurança Digital
Um mês após maior ataque hacker do Brasil, BMP recupera metade dos R$ 541 milhões roubados
Banco Central coordena repatriação; investigação rastreia valores em contas laranja e criptomoedas
10/08/2025
08:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Um mês após o maior ataque cibernético da história do país, que desviou cerca de R$ 1 bilhão de instituições financeiras, a BMP Moneyplus informou ter recuperado R$ 270 milhões — metade dos R$ 541 milhões que perdeu no golpe.
O Banco Central trabalha para organizar a repatriação do dinheiro, que não pôde ser devolvido pelo mecanismo tradicional do Pix, já que as empresas afetadas foram desligadas temporariamente do sistema. A devolução exige auditoria contábil e parte dos valores está sob custódia das autoridades responsáveis pela investigação.
O rastreamento das quantias desviadas é coordenado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, com apoio do Banco Central e de empresas de criptoativos. Em paralelo, a Polícia Civil de São Paulo conduz inquérito próprio após boletim registrado pela BMP.
As investigações apontam que os hackers movimentaram o dinheiro entre contas de laranjas e o converteram em criptomoedas. O esquema foi viabilizado por falhas exploradas na provedora de serviços de TI C&M Software, cuja investigação revelou o envolvimento de um funcionário cooptado pela quadrilha, atualmente preso.
“As evidências indicam que os criminosos enganaram funcionários para obter credenciais de acesso”, afirmou a C&M, negando falhas estruturais nos sistemas.
Conforme a Polícia Civil de São Paulo, os R$ 541 milhões da BMP foram transferidos para mais de 100 contas em 29 instituições financeiras. Oito delas confirmaram bloqueio de valores e comunicação ao Banco Central.
Principais destinatários identificados:
Soffy: recebeu R$ 271 milhões; alvo de bloqueio judicial
Transfeera: recebeu R$ 89 milhões em 22 transferências
Monexa: criada 19 dias antes do golpe, recebeu R$ 45 milhões; única sócia é uma jovem de 24 anos investigada por ser laranja
Nuoro Pay: bloqueou 390 transações suspeitas de R$ 25 mil vindas da Soffy e Transfeera
A Soffy, segundo investigações, é alvo de 77 ações na Justiça paulista por abertura irregular de contas em nome de terceiros.
A Polícia Federal, em ação em Roraima, identificou um esquema de lavagem que envolveu empresas como Esther Assets, Rich Beauty, Sis Pagamentos e Bank Ben, com repasses milionários a contas de pessoas físicas, incluindo o assessor parlamentar Jackson Renei Aquino de Souza, preso com R$ 700 mil em espécie.
Outra parte do dinheiro foi convertida em bitcoins e USDT. No dia do ataque, 30 de junho, houve pico de R$ 733,5 milhões em bitcoins e R$ 158,8 milhões em USDT no país. A fintech Smartpay detectou movimentações atípicas e bloqueou operações ainda na madrugada, permitindo que o Ministério Público e a PF recuperassem R$ 5,5 milhões em criptoativos.
João Nazareno Roque, técnico de TI da C&M Software, preso preventivamente desde 3 de julho, acusado de participação no ataque
Jackson Renei Aquino de Souza, assessor parlamentar, preso em flagrante com R$ 700 mil em espécie
30/06: Hackers desviam R$ 1 bilhão via falha explorada na C&M Software
01/07: Bancos notificam o Banco Central
03/07: Prisão de João Nazareno Roque; bloqueio de contas e suspensão de integrações ao Pix
15/07: Operação Magna Fraus recupera R$ 5,5 milhões em criptoativos
22/07: Prisão em flagrante de Jackson Renei Aquino de Souza
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Prazo final: médicos especialistas têm até hoje para se inscrever no programa ‘Agora Tem Especialistas’ do SUS
Leia Mais
Mulher morre atropelada em Cassilândia; marido é preso e investigado por feminicídio
Leia Mais
Zé Felipe revela motivo do fim do casamento com Virginia Fonseca
Leia Mais
Advogado de Donald Trump critica Alcolumbre por recusa em pautar impeachment de Moraes
Municípios