Campo Grande (MS), Sábado, 12 de Abril de 2025

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Prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, é réu por compras suspeitas na Educação e tem gestão orçamentária contestada

Investigações envolvem licitações irregulares, contratos com organizações sociais e déficit fiscal de R$ 94 milhões em 2024

11/04/2025

13:00

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

O prefeito de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), responde a duas ações por improbidade administrativa e é investigado criminalmente por suspeitas de corrupção em contratos públicos. Além das ações judiciais, Manga também enfrenta alertas do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) por falhas graves na gestão fiscal e orçamentária do município.

Nesta quinta-feira (10), Manga foi alvo de operação da Polícia Federal, que apura a atuação de uma organização criminosa suspeita de desviar recursos da saúde pública. A investigação também recai sobre contratos milionários firmados com empresas e organizações sociais durante sua gestão.

Compras suspeitas na Educação e contratos milionários

Entre as principais suspeitas, estão licitações de kits de robótica e materiais didáticos, cujos valores ultrapassam R$ 20 milhões e foram considerados superfaturados pelo Ministério Público. As aquisições envolvem a empresa Carthago Editorial, que venceu pregões com indícios de direcionamento e sem possuir nenhum funcionário registrado. A empresa teria recebido R$ 101,9 milhões de prefeituras entre 2014 e 2023.

Segundo relatório da Promotoria, oito das onze empresas que participaram da licitação dos kits não tinham mais de três funcionários, e uma delas era administrada por dois idosos de 93 anos. O então secretário de Educação foi afastado, e a Justiça determinou bloqueio de bens de Rodrigo Manga, que perdeu R$ 140 mil em um único dia, valor equivalente a quase cinco salários de prefeito.

Investigações na saúde e contratos com OSs

Na área da saúde, a PF já havia feito buscas relacionadas ao contrato de R$ 60 milhões com o Instituto Nacional de Ciências da Saúde (INCS), responsável por gerenciar uma UPA. O contrato foi rejeitado pelo TCE por utilizar critérios subjetivos na seleção da OS. O prefeito rompeu o vínculo com a entidade após a deflagração da primeira fase da operação.

O site da organização está fora do ar e os contatos disponíveis estão inativos. A prefeitura de Sorocaba e a Carthago Editorial também foram procuradas pela reportagem, mas não responderam até a publicação.

Gestão fiscal sob alerta: déficit e dívida crescente

No campo orçamentário, a gestão Manga encerrou 2024 com um déficit de R$ 94 milhões, revertido apenas com o uso de mais da metade da reserva financeira municipal, de R$ 161 milhões. A dívida consolidada da cidade saltou de R$ 528,5 milhões em janeiro para R$ 726 milhões em dezembro de 2024, com forte impacto de compromissos eleitorais assumidos no ano.

De acordo com Reinaldo Cafeo, economista e professor da ITE de Bauru, o aumento nas despesas não gerou ganhos em eficiência administrativa. O Índice de Efetividade da Gestão Municipal (IEG-M), do TCE-SP, deu nota C em planejamento e C+ em gestão fiscal para Sorocaba — as duas menores faixas de avaliação.

“Apesar do marketing intenso, a gestão Manga não figura entre as mais eficientes do estado”, afirmou Cafeo.

Contas de 2023 contestadas pelo Ministério Público de Contas

O Ministério Público de Contas (MPC) solicitou ao TCE a rejeição das contas de 2023, apontando uso de manobras contábeis para maquiar o resultado. O parecer afirma que a administração utilizou resultados positivos de anos anteriores para inflar o orçamento de 2023, sem refletir o impacto real nos números finais.

“A administração desfigurou os valores inicialmente considerados e transformou o orçamento em mera peça de ficção”, afirma trecho do documento.

O julgamento do balanço ainda não foi realizado pelo TCE.

Popularidade nas urnas e histórico político

Apesar dos escândalos, Rodrigo Manga foi reeleito em 2024 com 73,75% dos votos válidos, a segunda maior votação da história da cidade. Antes da Prefeitura, Manga foi o vereador mais votado da história de Sorocaba em 2016, presidiu a Câmara e conduziu a cassação do ex-prefeito José Crespo.

Sua ascensão nacional ganhou força com a estratégia de forte presença nas redes sociais, o que lhe rendeu o apelido de "prefeito tiktoker".


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