Campo Grande (MS), Quarta-feira, 02 de Abril de 2025

LUTO

Corpo de jornalista vítima de feminicídio é velado na Câmara Municipal de Campo Grande

Despedida é marcada por homenagens e indignação; corpo de Vanessa Ricarte será trasladado para Três Lagoas

13/02/2025

16:05

MDX

DA REDAÇÃO

©Madu Livramento

O velório da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, vítima de feminicídio em Campo Grande, aconteceu na Câmara Municipal nesta quinta-feira (13) e foi marcado por homenagens, tristeza e revolta. Após a cerimônia, o corpo será levado para Três Lagoas, onde será sepultado em jazigo familiar.

Vanessa, reconhecida por sua competência profissional, carisma e generosidade, foi assassinada pelo ex-companheiro, Caio do Nascimento Pereira, mesmo após ter pedido e conseguido medida protetiva contra ele. O crime brutal gerou grande comoção e reacendeu o debate sobre a ineficácia das políticas de proteção às mulheres vítimas de violência.

Homenagens e sentimentos de indignação

Amigos, colegas de profissão e familiares lamentaram a perda de Vanessa e denunciaram a impunidade que permite que crimes como esse continuem acontecendo.

“Não consigo imaginar minha história em Campo Grande sem ela. Vanessa era inspiradora, uma mulher brilhante, que nos fazia sentir especiais. É um soco no estômago perder alguém assim”, declarou o jornalista Renan Nucci, ex-companheiro da vítima.

A jornalista Jô Castro, que trabalhou com Vanessa, destacou a ironia cruel do caso:

“Ela era uma mulher que sempre falou sobre proteção e protagonismo feminino, e agora se torna vítima dessa violência absurda. Isso só reforça que precisamos lutar ainda mais por mudanças”, afirmou.

A amiga Alessandra Izaac cobrou justiça:

“Uma mulher cheia de sonhos foi assassinada por um covarde. Ele precisa ser julgado e condenado. A Vanessa não pode ser apenas um número, ela foi negligenciada pelo sistema que deveria protegê-la”.

A também jornalista Márcia Scherer alertou para a urgência de mudanças na proteção às mulheres:

“Hoje foi Vanessa. Amanhã pode ser qualquer uma de nós. As mulheres já fazem tudo o que podem, agora é hora dos homens agirem e cobrarem seus pares”.

Já a cantora Marta Cel, que conhecia o agressor, revelou que havia tentado alertar Vanessa sobre o comportamento dele, mas foi intimidada:

“O assassino gravou músicas comigo em 2015 e já mostrava sinais preocupantes. Tentamos avisá-la, mas não foi suficiente. Esse crime poderia ter sido evitado se a Justiça fosse mais rígida”, desabafou.

Histórico de violência e descumprimento de medidas protetivas

O assassino, Caio do Nascimento Pereira, possuía um histórico extenso de agressões contra mulheres.

  • 11 registros de violência doméstica entre 2020 e 2024.
  • Uma ex-namorada foi hospitalizada com queimaduras no rosto e braços, causadas por fricção no asfalto.
  • Ex-companheira de 2024 relatou violência psicológica e perseguição, chegando a solicitar medida protetiva.
  • Em 2023, outra ex-mulher registrou boletim de ocorrência por perseguição sistemática e ameaças.

Mesmo com esse histórico de agressões e medidas protetivas, Caio não foi detido preventivamente e conseguiu assassinar Vanessa poucas horas após a denúncia formalizada por ela na delegacia.

Crime e prisão do feminicida

Vanessa foi assassinada em sua própria casa, no Bairro São Francisco, ao retornar para buscar seus pertences, acompanhada de um amigo. O agressor, que deveria cumprir a medida protetiva, a atacou com três facadas no tórax.

O Corpo de Bombeiros foi acionado e tentou socorrê-la, mas Vanessa não resistiu e faleceu na Santa Casa de Campo Grande. Caio foi preso em flagrante e responderá pelo crime de feminicídio qualificado.

Feminicídio e impunidade: debate sobre proteção às mulheres

O assassinato de Vanessa reacendeu a urgência de discutir medidas eficazes para garantir a proteção real às vítimas de violência doméstica. Organizações e representantes políticos pedem revisão das políticas de segurança para mulheres e endurecimento das penas para agressores reincidentes.

O caso de Vanessa não pode ser apenas mais um número nas estatísticas, mas sim um alerta para que novas vidas não sejam perdidas por falhas do sistema de proteção.


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