Política / Assembleia Legislativa
Deputada Prof.ª Gleice Jane protocola projeto que cria o “Círculo do Cuidado” em meio ao avanço dos feminicídios em Mato Grosso do Sul
Proposta estabelece protocolo voluntário de acolhimento e escuta em estabelecimentos públicos e privados; Estado registra 39 vítimas apenas em 2025
10/12/2025
15:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Em meio ao agravamento da violência contra mulheres em Mato Grosso do Sul, a deputada estadual Prof.ª Gleice Jane (PT) protocolou, na última terça-feira (9), o Projeto de Lei que institui o “Protocolo Círculo do Cuidado”, iniciativa que busca fortalecer a rede de enfrentamento à violência doméstica e familiar por meio da criação voluntária de espaços de escuta, acolhimento e orientação em estabelecimentos públicos e privados.
O texto não gera despesas adicionais ao Estado e foi inspirado na metodologia criada por Priscilla Teodoro da Silva, agente comunitária de saúde e idealizadora do projeto “Círculo do Cuidado – O silêncio que fala”, desenvolvido para acolher mulheres incapazes de verbalizar a violência sofrida.
O projeto prevê cinco etapas de atendimento padronizado, com foco na proteção da vítima e no respeito à sua autonomia:
Acolhimento inicial e escuta empática, em ambiente seguro e privado.
Orientação sobre direitos, serviços e possibilidades de atendimento, sem pressão ou indução à denúncia.
Encaminhamento sigiloso, quando necessário, a unidades de saúde, assistência social ou forças policiais.
Atendimento continuado, integrando serviços da Atenção Básica, como Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e equipes de Saúde da Família.
Respeito ao tempo e às decisões da mulher, evitando exposição, revitimização ou qualquer forma de coação.
Segundo a deputada, trata-se de um instrumento prático e humano:
“Essa metodologia humaniza o atendimento e fortalece a escuta ativa como mecanismo de proteção e ruptura dos ciclos de violência.”
O ano de 2025 já registra 39 vítimas de feminicídio no Estado, superando o total de 2024 ainda em novembro. Para a deputada, o cenário é alarmante:
“Enquanto não forem enfrentadas as raízes estruturais da violência familiar e de gênero, as mulheres continuarão perdendo a vida.”
A vítima mais recente foi Ângela Nayhara Guimarães Gugel, de 53 anos, assassinada pelo companheiro após pedir separação.
No dia 25 de novembro, o governador Eduardo Corrêa Riedel (PP) e o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, foram intimados a detalhar as políticas de enfrentamento à violência familiar e de gênero, após requerimento apresentado pela própria deputada. A solicitação foi aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa, e o Executivo tem 15 dias para responder.
A seguir, a listagem numerada, conforme solicitado:
Karina Corim (29 anos) – Caarapó – 1º de fevereiro
Aline Rodrigues (32 anos) – Caarapó – 1º de fevereiro*
Vanessa Ricarte (42 anos) – Campo Grande – 12 de fevereiro
Juliana Domingues (28 anos) – Dourados – 18 de fevereiro
Mirieli Santos (26 anos) – Água Clara – 22 de fevereiro
Emiliana Mendes (65 anos) – Jutí – 24 de fevereiro
Gisele Cristina Oliskowski (40 anos) – Campo Grande – 1º de março
Alessandra da Silva Arruda (30 anos) – Nioaque – 29 de março
Ivone Barbosa da Costa Nantes (41 anos) – Sidrolândia – 17 de abril
Thácia Paula Ramos de Souza (39 anos) – Cassilândia – 14 de maio
Simone da Silva (35 anos) – Itaquiraí – 14 de maio
Olizandra Vera Cano (26 anos) – Coronel Sapucaia – 22 de maio
Graciane de Sousa Silva (40 anos) – Nova Andradina – 25 de maio
Vanessa Eugênia Medeiros (23 anos) – Campo Grande – 26 de maio
Sophie Eugênia Borges (10 meses) – Campo Grande – 26 de maio
Eliana Guanes (59 anos) – Corumbá – 6 de junho
Doralice da Silva (42 anos) – Maracaju – 20 de junho
Rose Antonia de Paula (41 anos) – Costa Rica – 28 de junho
Michelly Rios Midon Oruê (47 anos) – Glória de Dourados – 3 de julho
Juliete Vieira (35 anos) – Naviraí – 25 de julho
Cinira de Brito (44 anos) – Aquidauana – 31 de julho
Salvadora Pereira (22 anos) – Corumbá – 2 de agosto
Dahiana Ferreira Bobadilla (24 anos) – Morta no Paraguai; corpo encontrado em Bela Vista – agosto
Érica Regina Moreira Mota (46 anos) – Bataguassu – 27 de agosto
Dayane Garcia (27 anos) – Nova Alvorada do Sul – setembro (morreu após 77 dias de internação)
Iracema Rosa da Silva (75 anos) – Dois Irmãos do Buriti – 8 de setembro
Ana Taniely Gonzaga de Lima (24 anos) – Bela Vista – 13 de setembro
Gisele da Silva Cylis Saochine (40 anos) – Campo Grande – 2 de outubro
Erivete Barbosa Lima de Souza (48 anos) – Paranaíba – 10 de outubro
Andreia Ferreira (40 anos) – Bandeirantes – 12 de outubro
Solene Aparecida Ferreira Corrêa (46 anos) – Três Lagoas – 21 de outubro
Luana Cristina Ferreira Alves (32 anos) – Campo Grande – 28 de outubro
Aline Leite da Silva (28 anos) – Jardim – 4 de novembro
Maria Aparecida Nascimento Gonçalves (43 anos) – Aparecida do Taboado – 4 de novembro
Rosimeire Vieira de Oliveira (37 anos) – Rochedo – 10 de novembro
Irailde Vieira Flores de Oliveira (83 anos) – Rochedo – 10 de novembro
Gabrielli Oliveira dos Santos (25 anos) – Sonora – 18 de novembro
Alliene Nunes Barbosa (50 anos) – Dourados – 23 de novembro
Ângela Nayhara Guimarães Gugel (53 anos) – Campo Grande – 8 de dezembro
*Aline Rodrigues foi assassinada junto com Karina Corim, mas não entrou nas estatísticas oficiais de feminicídio.
O feminicídio é o homicídio praticado “contra a mulher por razões da condição do sexo feminino”, ocorrendo em contexto de:
Violência doméstica e familiar
Menosprezo ou discriminação à condição de mulher
Em MS, 37 dos 39 casos em 2025 foram cometidos por companheiros, ex-companheiros ou familiares.
Emergência: 190
Central de Atendimento à Mulher: 180 (24h)
WhatsApp da Polícia Civil de MS: (67) 99180-0542
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