Campo Grande (MS), Quinta-feira, 04 de Dezembro de 2025

Economia / Política Externa

Senado lança plano liderado por Nelsinho Trad para reposicionar o Brasil no comércio mundial

Relatório reúne estratégia integrada para reduzir custos, modernizar indústria e ampliar acordos internacionais

04/12/2025

19:30

DA REDAÇÃO

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O Brasil deu, nesta quinta-feira (4), um passo considerado inédito na formulação de uma estratégia nacional para ampliar sua presença no comércio mundial. A Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado apresentou um relatório que propõe ações coordenadas para aumentar a competitividade do país, reduzir entraves logísticos, diversificar mercados e reposicionar o Brasil como protagonista nas cadeias globais.

O documento é resultado do Grupo de Trabalho de Comércio Exterior, coordenado pelo presidente da CRE, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), e é descrito por especialistas como o estudo mais abrangente já produzido pelo Senado sobre inserção internacional.

Ao todo, foram 36 reuniões técnicas, com a participação de órgãos como TCU, Itamaraty, MDIC, academia, especialistas em logística, comércio exterior e entidades empresariais.

“Reunimos política comercial, política industrial, logística, inovação, sustentabilidade e diplomacia econômica numa única visão. O Brasil não pode mais tratar a inserção internacional como política isolada”, afirmou Nelsinho Trad.

Gargalos históricos identificados

O relatório lista obstáculos que bloqueiam a competitividade brasileira:

  • baixa produtividade há mais de 30 anos;

  • excesso de burocracia e normas conflitantes;

  • custos logísticos elevados;

  • dependência do transporte rodoviário;

  • pouca diversificação da pauta de exportações;

  • dificuldade para micro e pequenas empresas entrarem no comércio exterior;

  • insegurança jurídica e imprevisibilidade regulatória.

A partir desse diagnóstico, o documento apresenta reformas, ajustes legais e diretrizes para simplificar processos, integrar políticas setoriais e dar previsibilidade ao ambiente de negócios.

Três eixos centrais da estratégia

O plano está organizado em três eixos estruturantes:

1. Política comercial e industrial

  • abertura gradual com proteção competitiva;

  • redução de barreiras e custos;

  • digitalização de processos;

  • incentivos à inovação e neoindustrialização;

  • revisão da tributação sobre exportadores e importadores.

2. Estratégia internacional e acordos comerciais

  • fortalecimento do Mercosul;

  • expansão de acordos com Ásia, Oriente Médio e África;

  • diversificação da pauta exportadora;

  • valorização da diplomacia econômica e técnicas de negociação.

3. Logística e infraestrutura

  • integração de modais, com avanço em ferrovias e hidrovias;

  • ampliação de corredores de exportação;

  • concessões mais estáveis e previsíveis;

  • modernização do licenciamento ambiental;

  • estímulo ao transporte multimodal.

Para Trad, o comércio exterior deve deixar de ser um tema restrito à diplomacia e se tornar “uma estratégia de desenvolvimento nacional”.

Brasil e a economia verde

O relatório aponta que o país tem condições únicas para liderar a nova economia sustentável global, mas ainda carece de estratégia estruturada. As oportunidades incluem:

  • exportação de biocombustíveis e hidrogênio verde;

  • certificações ambientais que elevam o valor dos produtos;

  • uso sustentável da biodiversidade;

  • exploração de mercados que buscam cadeias de baixa emissão de carbono.

“Poucos países possuem a matriz energética, a capacidade agrícola e a biodiversidade do Brasil. Falta transformar isso em política pública de longo prazo”, disse Trad.

Reconhecimento do Executivo

Representantes do Itamaraty e do MDIC elogiaram o trabalho e afirmaram que o plano dialoga com iniciativas em andamento, como:

  • ampliação do Portal Único de Comércio Exterior;

  • integração de órgãos anuentes;

  • digitalização de processos;

  • negociações com UE, Singapura, Indonésia e países do Sul Global.

Produtividade estagnada e recomendações

Consultores do Senado reforçaram que a produtividade brasileira está estagnada desde a década de 1990, com exceção do agronegócio. Entre as recomendações:

  • harmonização regulatória;

  • desoneração gradual de importação de serviços;

  • inclusão de MPEs nas cadeias globais;

  • ampliação dos acordos internacionais.


Logística e licenciamento: pontos críticos

A análise de 16 entidades evidenciou a urgência em modernizar o sistema nacional de transportes, especialmente diante da dependência do modal rodoviário. O relatório destaca:

  • necessidade de ferrovias e hidrovias integradas;

  • concessões com regras mais claras;

  • segurança jurídica para investimentos;

  • papel estratégico da nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental (Lei 15.190/2025).


Um plano de Estado, não de governo

A mensagem final do relatório — e reforçada por Nelsinho Trad — é de que a inserção internacional deve se tornar uma política permanente, capaz de atravessar gestões e dar rumo ao desenvolvimento brasileiro.

“Este relatório não termina aqui. Ele é base para construir um Brasil mais aberto, moderno e protagonista no cenário global”, afirmou o senador.

 


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