Política
Bolsonaristas atacam Tereza Cristina após elogio à redução parcial de tarifas dos EUA
Senadora falou em “início de alívio” ao agro, mas aliados de Bolsonaro reagiram acusando-a de celebrar um cenário desfavorável
17/11/2025
13:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A senadora Tereza Cristina (PP-MS), uma das figuras mais influentes do agronegócio e liderança de peso no campo conservador, virou alvo de duras críticas de bolsonaristas após comentar, em publicação no X (antigo Twitter), a decisão dos Estados Unidos de reduzir parcialmente tarifas aplicadas a produtos brasileiros.
Na rede social, Tereza classificou a medida como “início de alívio” para o agro, destacando que a queda da tarifa geral de 10% — imposta por Donald Trump em abril — representa um sinal positivo de avanço nas negociações. Ela lembrou, porém, que a tarifa adicional de 40%, considerada a mais prejudicial ao Brasil, permanece em vigor.
“Finalmente, uma notícia positiva e um início de alívio para nosso agro. (...) Os 40% não caíram ainda, mas temos visto sinais importantes de que a diplomacia estatal e empresarial pode fazer a diferença.”
A revisão anunciada pelo governo Trump tem efeito retroativo e alcança itens como carne bovina, café, castanhas, açaí, banana e outras frutas tropicais. O setor produtivo espera novas rodadas de negociação para tentar derrubar também a tarifa extra de 40%.
Logo após a postagem, perfis ligados ao bolsonarismo passaram a criticar a senadora, acusando-a de minimizar o impacto da tarifa de 40% e de apresentar a redução de 10% como vitória.
O perfil Movimento Acorda Direita, um dos mais influentes da ala mais combativa, afirmou:
“Isso nunca foi vitória. É piora clara. Os outros países agora entram com tarifa ZERO nos produtos que competem com o nosso agro. O Brasil só perdeu os 10% gerais e continua pagando SOZINHO a taxa Moraes de 40%. Vender isso como avanço é desserviço ao Senado e à própria direita conservadora.”
Outros usuários reforçaram as críticas:
“Sério que li isso? Está mal-informada ou mal-intencionada?”
“Piorou para o Brasil porque ficou com 40% e os outros países zeraram.”
“Não é possível comemorar que nossos produtos estejam 40% mais caros que os da concorrência.”
Houve também quem acusasse a senadora de tentar atribuir o recuo dos EUA a negociações recentes do governo brasileiro:
“A redução é global, nada foi devido a esse desgoverno ou àquela viagem ridícula que vocês fizeram ao USA.”
Enquanto produtores rurais tratam a redução com prudência — reconhecendo o alívio inicial, mas apontando que o principal problema segue intocado — o tema escancarou divergências internas no campo bolsonarista.
A senadora, que historicamente possui forte apoio do agronegócio e já presidiu a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), passou a enfrentar críticas de segmentos mais radicalizados, que rejeitam qualquer leitura positiva de medidas anunciadas pelo governo norte-americano no atual contexto geopolítico.
A disputa em torno da narrativa reforça como a questão tarifária dos EUA se tornou novo ponto de tensão política, misturando economia, diplomacia e as disputas internas da direita brasileira.
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