Política / Justiça
PF prende “Careca do INSS” em operação contra fraudes bilionárias em aposentadorias
Esquema desviou até R$ 6,3 bilhões; empresário Maurício Camisotti também foi preso, e defesa do advogado Nelson Wilians nega envolvimento
12/09/2025
07:45
DA REDAÇÃO
A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (12) mais uma fase da investigação sobre fraudes em aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). Foram presos Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, apontado como lobista e “facilitador” do esquema, e o empresário Maurício Camisotti.
Segundo a PF e a Controladoria-Geral da União (CGU), as fraudes praticadas entre 2019 e 2024 podem ter causado um rombo de R$ 6,3 bilhões nos cofres públicos.
De acordo com as investigações, entidades de fachada eram usadas para fraudar benefícios:
Pagamento de propina a servidores do INSS em troca de dados de beneficiários;
Uso de assinaturas falsas para autorizar descontos;
Criação de associações presididas por idosos, pessoas de baixa renda ou aposentados por incapacidade;
Inclusão de aposentados em associações sem consentimento, com descontos automáticos na folha de pagamento.
Há registros de beneficiários filiados, no mesmo dia, a mais de uma entidade — com erros de grafia idênticos nas fichas, evidenciando a fraude.
Segundo a PF, dirigentes e servidores do INSS recebiam vantagens indevidas para inserir os descontos nos contracheques, enquanto as associações viabilizavam os desvios.
Antunes teria transferido R$ 9,3 milhões para pessoas ligadas a servidores do INSS entre 2023 e 2024. Já Camisotti é apontado como sócio oculto de uma entidade beneficiada pelo esquema.
Além das prisões, foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Distrito Federal, autorizados pelo ministro André Mendonça (STF).
Durante a operação, a PF apreendeu carros de luxo, entre eles uma Ferrari, Land Rover, Porsche, Mercedes e até um carro de Fórmula 1, além de obras de arte encontradas na residência e no escritório do advogado Nelson Wilians, em São Paulo.
Defesa de Maurício Camisotti: afirma que a prisão é injustificada e alega arbitrariedade na apreensão do celular durante conversa com advogado, prometendo medidas legais para reverter a decisão.
Defesa de Nelson Wilians: declarou que o advogado tem colaborado integralmente com as autoridades, que sua relação com investigados é apenas profissional e legal, e que os valores movimentados referem-se à compra de um terreno vizinho à sua residência. A nota reforça que a medida é investigativa e não implica culpa.
As denúncias levaram, em abril de 2024, à demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. A fraude vinha sendo investigada administrativamente pela CGU desde 2023 e só em 2024 passou para a alçada criminal com a entrada da Polícia Federal.
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