Sebrae / Empreendedorismo
Empreendedora desenvolve cabelo sustentável a partir da fibra de bananeira e inova no setor da beleza
Por meio do programa Inova Cerrado, Marilza Silva profissionalizou o produto e criou o negócio “Meus Cabelos, Meus Fios”
08/08/2025
07:00
SEBRAE
DA REDAÇÃO
Marilza Silva desenvolveu fios de cabelo a partir da fibra de bananeira e confecciona apliques semelhantes aos feitos com cabelo humano
Uma fibra natural, um desafio pessoal e muitos testes caseiros. Foi a partir de um insight e persistência que nasceu o fio de cabelo vegetal desenvolvido por Marilza Eleoterio de Barcelos Silva, cabeleireira, megahista e empreendedora da comunidade Lagoa Park, em Campo Grande. Para transformar a inovação em um negócio, desde o ano passado, ela é acompanhada pelo programa Inova Cerrado – uma iniciativa do Sebrae/MS em parceria com o Governo do Estado, por meio da Semadesc e Fundect, voltada ao fomento de soluções em bioeconomia.
A inovação proposta por Marilza soluciona um problema real vivenciado por ela há mais de 20 anos no mercado da beleza: o alto custo dos apliques com cabelo humano. O desenvolvimento do fio vegetal, feito a partir da fibra de bananeira, começou em 2018, motivado pela necessidade de criar uma peruca acessível para uma amiga diagnosticada com câncer. O insight surgiu ao cortar um cacho de banana, observar alguns fios e se perguntar: será que é possível usá-los como cabelo?
“Comecei a tirar os fios, fiz testes com produtos caseiros, fui tentando até que cheguei a um resultado em que o cabelo ficou macio, sedoso. Usei em mim, na minha irmã, em vizinhos, em amigos, só pra ver o que eles achavam. Não cobrei nada, só pra receber o feedback mesmo — se ficava bom, se gostavam, se comprariam”, relembra a empreendedora.
Os resultados positivos dos primeiros testes reforçaram o potencial da proposta, especialmente entre as mulheres negras, que lidam com os desafios de tempo e custo envolvidos na manutenção do cabelo afro. Ao perceber a capacidade do produto em promover autoestima e praticidade para esse público, Marilza continuou aperfeiçoando o fio até alcançar um resultado com textura maleável, resistência e com aparência semelhante ao cabelo natural.
“Como eu era megahista, minhas clientes procuravam muito por um cabelo que durasse. O cabelo humano dura, só que ele é muito caro. Então, elas queriam algo mais acessível. Como eu também usava mega hair, fui testando a durabilidade e o que era mais prático de usar, porque a gente acorda cedo e é uma hora, no mínimo, para arrumar o cabelo afro e conseguir deixá-lo do jeito que você quer para sair de casa e ir trabalhar. Esse cabelo veio para ajudar também as mulheres negras nisso: economizar tempo e dinheiro”, conta.
Além da baixa manutenção e do custo reduzido em comparação aos apliques feitos com cabelo humano, um dos maiores trunfos do fio vegetal é a sustentabilidade. Por se tratar de um material biodegradável, ele se decompõe em poucos dias e não representa risco ambiental ao ser descartado. “Quando a pessoa não quiser mais usar, os fios levam oito dias para se decompor na natureza. Então, ele não agride, e tem também a facilidade de encontrar a matéria-prima, pois, no nosso país, a fibra de bananeira é jogada fora. Então, essa é outra vantagem: a gente encontra fácil, ele se decompõe rápido, tem boa durabilidade e é um produto mais em conta. Temos vantagem em tudo”, ressalta.
Transformação da ideia em negócio
Sem experiência na área de empreendedorismo, Marilza enfrentou o desafio de transformar o desenvolvimento do produto em um negócio viável. Foi com o acompanhamento do programa Inova Cerrado que ela conseguiu dar os primeiros passos rumo à estruturação da ideia. Após receber consultoria especializada, na primeira fase do programa, o trabalho de Marilza foi reconhecido como o segundo melhor projeto participante, com a premiação de R$ 10 mil para investimento no negócio.
Neste ano, a empreendedora participa da segunda etapa, o Módulo Tração, voltado a acelerar o crescimento dos negócios por meio de ações estratégicas para ampliar a presença no mercado, fortalecer a base de clientes e garantir a escalabilidade das operações. A partir desse acompanhamento, a empresa “Meus Cabelos, Meus Fios” passou a ter novos produtos para a área da beleza feitos a partir de frutos do Cerrado.
“O Inova Cerrado chegou na minha vida no momento em que eu estava mais sufocada. Pensei em desistir várias vezes, mas as mentoras não permitiram, me deram apoio e consegui finalizar. Tudo mudou na minha vida. As consultorias, as mentorias, tudo aquilo ali abriu minha mente, me fez criar outros produtos. Com aquele auxílio, eu percebi que tinha potencial para desenvolver mais coisas além do que eu já tinha. Já que eu tinha conseguido criar um produto do zero, eu poderia desenvolver outros também. Através disso, eu desenvolvi 17 produtos inovadores com base em uma fruta do Cerrado”, relata.
Além da concepção de novos produtos, Marilza trabalha para aprimorar as etapas de produção dos apliques e extensões capilares de base vegetal para possibilitar a comercialização. No futuro, ela pretende internacionalizar o negócio. “Tenho um propósito de exportação. Participei de uma rodada de negócios no Amapá e, quando estive lá, recebi diversas propostas. Vejo que, o meu produto não é só para ficar no mercado interno, há interesse do mercado internacional”, expõe.
Dentre tantas transformações desde o início da trajetória que percorreu no mundo do empreendedorismo, Marilza destaca a importância do acompanhamento que recebeu. “Eu vim do zero e hoje estou prestes a entrar no mercado com um grande produto e com propostas de empresários de outros países — sete já demonstraram interesse. Então, acredito que outras pessoas que têm potencial também podem ter essa oportunidade e contar com o Sebrae”, conclui a empreendedora.
Mais informações sobre as ações promovidas pelo Sebrae/MS e parceiros com o foco no empreendedorismo e inovação podem ser obtidas por meio do site ms.sebrae.com.br ou pelo telefone 0800 570 0800.
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