Política Internacional
Parlamentares dos EUA tentam barrar tarifaço de Trump após visita de senadores brasileiros
Democratas articulam revogação de sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, enquanto empresários alertam para risco energético: “sem transformadores, apaga a luz”
31/07/2025
18:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Após a visita de uma comitiva de senadores brasileiros liderada por Nelsinho Trad (PSD-MS) aos Estados Unidos, parlamentares norte-americanos intensificaram as movimentações para barrar a tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros. A medida, que deve entrar em vigor nos próximos dias, gerou repercussão no Congresso dos EUA e preocupação no setor produtivo americano.
Nesta quinta-feira (31), os senadores Jeanne Shaheen, Tim Kaine, Chuck Schumer e Ron Wyden anunciaram que vão apresentar um projeto de resolução com trâmite prioritário no Senado dos EUA para suspender a nova tarifa. Eles acusam Trump de abuso de poder, ao invocar a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA) para justificar a sobretaxa, sob o argumento de que o Supremo Tribunal Federal do Brasil representa uma ameaça à segurança nacional americana.
Segundo os parlamentares, a tarifa é uma retaliação disfarçada às decisões da Justiça brasileira contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. “A economia não deveria ser usada da maneira como Trump está conduzindo. Isso é um erro político”, disse o senador Thom Tillis, único republicano presente nas reuniões com os senadores brasileiros.
Tribunais federais americanos analisam ações judiciais que questionam a legalidade da decisão da Casa Branca. Advogados argumentam que a motivação alegada por Trump não possui respaldo legal e configura precedente perigoso na utilização da IEEPA para fins políticos.
Em reuniões com os senadores brasileiros em Washington, representantes de grandes empresas — como ExxonMobil, Amazon, PepsiCo, Lockheed Martin e Mars — manifestaram preocupação com o impacto da tarifa sobre cadeias produtivas essenciais.
Um dos setores mais atingidos é o de infraestrutura energética. A tarifa afeta transformadores de alta tensão, responsáveis pela transmissão elétrica nos EUA. Em 2024, os EUA importaram US$ 541 milhões em transformadores brasileiros, o que representa 82% das exportações brasileiras desses equipamentos no primeiro semestre de 2025. Empresários alertaram:
“Se os transformadores brasileiros não forem entregues até 2027, apaga a luz”.
Além da energia, há impacto direto na construção civil, alimentação e cadeia automotiva. O preço da carne moída nos EUA já subiu 15% após o anúncio da medida. “Precisamos da carne magra do Brasil para moer com a gorda dos EUA”, relatou um executivo do setor alimentício.
Na Câmara dos Representantes, o deputado Gregory Meeks, membro do Comitê de Relações Exteriores, prometeu apresentar uma resolução para tentar reverter o tarifaço. Já a deputada Sydney Kamlager-Dove, copresidente do Caucus Brasil, sugeriu a prorrogação do prazo para a entrada em vigor da medida.
De volta ao Brasil, o senador Nelsinho Trad afirmou que o grupo parlamentar deve se reunir com integrantes do governo federal na segunda-feira (4) para apresentar as demandas e sugestões colhidas em Washington.
“É apenas o início de um trabalho suprapartidário pelo Brasil”, declarou Trad.
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