Política / Relações Exteriores
Eduardo Bolsonaro diz que vai atrapalhar missão do Senado nos EUA e defende tarifa como pressão por anistia
Deputado afirma que não deseja que comitiva encontre interlocução com governo americano e condiciona negociação ao fim dos julgamentos contra bolsonaristas
29/07/2025
09:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, declarou nesta segunda-feira (28) que está atuando para sabotar os esforços da missão oficial do Senado brasileiro nos Estados Unidos, que busca negociar a suspensão da tarifa de 50% imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros.
“Eu trabalho para que eles não encontrem diálogo”, afirmou o parlamentar em entrevista ao SBT News.
“A missão está fadada ao fracasso.”
A comitiva composta por oito senadores de diferentes partidos iniciou reuniões nos Estados Unidos com representantes do setor privado norte-americano e tenta se encontrar com autoridades do governo Trump para evitar que as tarifas entrem em vigor no dia 1º de agosto. A sobretaxa pode afetar seriamente setores como aço, alumínio, alimentos e manufaturados, além de comprometer até 3,2 milhões de empregos no Brasil, segundo a Amcham Brasil.
Para Eduardo Bolsonaro, a tarifa é uma ferramenta de pressão legítima para forçar o Congresso Nacional a conceder anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado, incluindo seu pai. Ele defende que o Brasil deve “dar o primeiro passo” mostrando disposição para resolver o que chamou de “crise institucional”.
“O problema não é apenas econômico, é político. É uma questão do Judiciário. Se o Brasil mostrar disposição para resolver, o Trump abre uma mesa de negociação”, disse.
O parlamentar também afirmou que a comitiva, ao tratar o tarifaço como um tema comercial, estaria passando a mensagem de que o Judiciário pode ceder, o que considera prejudicial à estratégia de pressão.
Na carta enviada a Lula junto com o anúncio da tarifa, Trump afirmou que o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro é uma “desgraça internacional” e cobrou o fim do julgamento que investiga sua participação em uma tentativa de golpe.
Segundo apuração da imprensa, Eduardo Bolsonaro participou das articulações em torno do tarifaço durante visita aos EUA, o que reforça a tese de que o movimento tem motivações políticas e relação direta com os julgamentos do STF.
Diante da pressão, o governo Lula tem reiterado que a soberania do Judiciário brasileiro é inegociável e que não aceitará interferência externa, nem mesmo sob ameaça comercial.
“A soberania não está em pauta. O Brasil continuará defendendo seu sistema democrático, suas instituições e o papel independente do STF”, disseram interlocutores do Palácio do Planalto.
A missão do Senado é liderada por Nelsinho Trad (PSD-MS), com o apoio de senadores de diversas siglas, incluindo Tereza Cristina (PP-MS), Jaques Wagner (PT-BA) e Fernando Farias (MDB-AL).
A proposta de anistia aos condenados do 8 de Janeiro não está prevista para ser pautada na volta do recesso parlamentar, o que agrava o racha entre os aliados de Bolsonaro e o Congresso.
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