Turismo / Aventura
Mais uma aventura da Morente Global: cruzando o Pantanal, Bolívia e rumo ao Peru
Viagem revela belezas naturais, desafios nas estradas, cultura local e experiências inesquecíveis entre Brasil, Bolívia e Peru
15/06/2025
07:45
Luís Carlos Morente
Final de ano, férias, estrada e muita disposição. Assim começou mais uma aventura da Morente Global, que reuniu quatro viajantes — eu, a Preta e um casal de amigos — em um roteiro desafiador rumo ao coração do Pantanal, cruzando a Bolívia e chegando ao Peru, em uma experiência cheia de belezas naturais, cultura e, claro, alguns perrengues que fazem parte de qualquer jornada inesquecível.
A saída foi na madrugada, de Campo Grande (MS), rumo a Corumbá, em um trajeto de 427 km que proporcionou um verdadeiro espetáculo da natureza. Atravessamos as cidades de Anastácio e Miranda, adentrando o Pantanal — maior planície alagável do mundo — com paisagens que parecem pinturas vivas: campos inundados, animais silvestres, lagos cristalinos e a exuberância da mata.
O ponto alto do trajeto foi a travessia da Ponte sobre o Rio Paraguai, uma obra de engenharia que se integra ao cenário pantaneiro e oferece uma das vistas mais impressionantes da região.
Chegando a Corumbá, o primeiro passo foi garantir o visto no Consulado Boliviano, facilitando a travessia. Depois, enfrentamos longas filas na Aduana Brasileira e, em seguida, na Aduana Boliviana, em Puerto Quijarro.
Com tudo carimbado, documentos conferidos e o nosso Versa preto pronto para rodar pela Bolívia, seguimos pela RN 4 rumo a Roboré, cidade que nos recebeu com uma agradável hospedagem e um jantar típico preparado por um brasileiro residente no local.
Logo no dia seguinte, mais desafios. Fomos parados por um posto militar improvisado — uma guarita simples com uma cancela de corda. Os policiais bolivianos solicitaram documentos, carta verde, passaportes e verificaram nosso galão de combustível, item essencial, visto que postos que abastecem veículos estrangeiros são raros e com preços elevados.
Sem muito diálogo, tivemos que pagar propina para seguir viagem — uma realidade recorrente nas estradas bolivianas, especialmente para turistas.
Poucos quilômetros depois, um problema ainda maior: na Puente Rodoferroviária Puerto Palas, sobre o Rio Grande (Guapay), com seus impressionantes 1.088 metros de extensão, nos deparamos com um bloqueio de médicos bolivianos, que protestavam contra medidas do governo. Resultado: cinco horas presos na ponte, sob sol forte e sem previsão de liberação.
Com criatividade, improvisamos uma “cabaninha” de cobertores no carro para garantir um pouco de privacidade, especialmente para as mulheres do grupo.
Durante o bloqueio, conhecemos produtores rurais brasileiros que migraram para a Bolívia em busca de custos mais baixos na produção de soja e milho, além de vantagens na tributação de veículos e insumos.
Aprendemos sobre o funcionamento local, como o uso do QR Code nos veículos para abastecer com preços reduzidos, e sobre as condições fiscais que tornam a Bolívia atrativa para negócios agrícolas.
Ao final da tarde, o som de tiros e sirenes indicava a chegada do Exército Boliviano, que dispersou os manifestantes e liberou o tráfego. Alívio imediato e retomada da viagem rumo a Santa Cruz de La Sierra, com uma mistura de cansaço, euforia e gratidão por seguir em frente.
Diante da incerteza de novos bloqueios — inclusive, informações davam conta de que o país poderia fechar todas as rodovias no dia seguinte —, tomamos uma decisão estratégica: cancelar a ida a La Paz e seguir direto para Puno, no Peru.
Chegamos à noite em Santa Cruz, onde já tínhamos reserva via Airbnb. A cidade, vibrante e multicultural, mistura arquitetura moderna, avenidas largas e uma rica vida cultural, sendo um ponto de respiro antes dos novos desafios.
A viagem também foi uma imersão na rica gastronomia boliviana, marcada por pratos típicos como:
Pique macho – carne bovina, batatas, cebola, pimentão e molho picante.
Salteñas – empanadas recheadas com carne, frango ou vegetais.
Chicha – bebida fermentada de milho.
Api – bebida quente à base de milho roxo, açúcar e canela, perfeita para o clima frio do Altiplano.
Os mercados locais oferecem uma variedade incrível de produtos frescos, desde quinoa, queijos artesanais, até especiarias que refletem a diversidade cultural do país.
O trajeto de Santa Cruz até La Paz foi uma experiência surreal, cruzando o Altiplano Boliviano, uma região de paisagens que parecem de outro planeta: planícies áridas, salares, picos nevados e montanhas imponentes como o Illimani.
A entrada em La Paz, a cidade mais alta do mundo (3.650 metros de altitude), é uma experiência indescritível. Encravada em um desfiladeiro, com casas coloridas espalhadas pelas encostas e cercada pelos Andes, La Paz parece desafiar as leis da física.
Um dos momentos mais frustrantes foi o passeio que não aconteceu. Chegamos cheios de expectativas para conhecer o famoso sistema de teleféricos de La Paz, considerado o maior transporte aéreo urbano do mundo. No entanto, ao chegar, fomos informados que o serviço estava fechado por problemas técnicos.
Sem previsão de retorno, restou apenas a frustração de não poder vivenciar uma das atrações mais esperadas da viagem, com a promessa quebrada de ver La Paz lá do alto.
Apesar dos imprevistos, a aventura seguiu. A Morente Global continua sua jornada rumo a novos destinos, como a travessia até o Peru, passando por Puno e, claro, a visita ao incrível Deserto de Sal de Uyuni, na Bolívia — que promete ser um dos pontos altos dessa expedição.
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