Uma mulher de 31 anos viveu o que descreve como o “pior momento da minha vida” após ser brutalmente agredida, estuprada e mantida em cárcere privado pelo ex-namorado, um estudante de Medicina de 34 anos, na última segunda-feira (27), no bairro Vilas Boas, em Campo Grande (MS).

A vítima relatou que havia recebido um convite para ir à casa do ex-companheiro, mas o encontro se transformou em horas de tortura e violência extrema. “Fui asfixiada com um cinto, além de diversos socos no rosto e na cabeça. Me violentou enquanto eu ainda estava sangrando”, contou.

Ela conseguiu escapar apenas na tarde de terça-feira (28), após convencer o agressor de que retornaria para ele depois de buscar atendimento médico. “Eu disse que tudo que aconteceu não era culpa dele, que mereci e que havia aprendido a lição. Que o amava e que iríamos ficar juntos”, relatou. A estratégia deu certo, e ele aceitou levá-la até a UPA do Tiradentes.

Devido à gravidade dos ferimentos, a mulher foi transferida para a Santa Casa de Campo Grande, onde exames constataram fratura na parede medial e posterior da órbita direita, além de hematomas severos, mas sem necessidade de cirurgia.

De relacionamento à violência extrema

O casal iniciou o relacionamento em 2024, quando a mulher trabalhava na empresa do ex-sogro. Ela acreditava ter encontrado alguém “gentil, disposto e atencioso”, mas o comportamento do estudante mudou rapidamente. “Vieram as explosões, o controle, as ameaças, os ciúmes, e um comportamento cada vez mais agressivo. Foram meses de medo e manipulação”, lembrou.

Ao tentar romper o relacionamento, ela passou a ser perseguida e vigiada. O agressor invadia suas redes sociais, acessava contas pessoais e fazia ligações durante a madrugada com insultos e ameaças. A vítima chegou a solicitar medidas protetivas, mas a escalada de violência culminou na agressão brutal desta semana.

À espera de justiça

A mulher, ainda em recuperação física e emocional, afirma viver com medo. O agressor segue foragido, e segundo o relato da vítima, possui acesso fácil a armas de fogo. “Estou tentando reconstruir minha vida com a ajuda de amigos. Não tenho privilégios nem recursos como ele. Tenho apenas a verdade e a coragem de falar por mim e por tantas outras mulheres que sofrem em silêncio”, disse.

Ela afirma ter decidido contar sua história para encorajar outras vítimas a romper o ciclo da violência. “Decidi falar porque sei como é difícil quebrar o silêncio e enfrentar julgamentos. Mas preciso usar minha voz para que um homem como esse não faça isso com outras mulheres”, desabafou.

Onde buscar ajuda em Mato Grosso do Sul

Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira funciona 24 horas por dia, inclusive aos fins de semana, na Rua Brasília, s/n, Jardim Imá. No local, há atendimento da Delegacia da Mulher (Deam), Defensoria Pública, Ministério Público, Vara Judicial de Medidas Protetivas, apoio psicológico, alojamento, brinquedoteca, Patrulha Maria da Penha e Guarda Municipal.

Também é possível buscar ajuda pelos números:

• 📞 180 – Central de Atendimento à Mulher (sigilosa e disponível 24h, todos os dias).

• 📞 190 – Polícia Militar (emergências).

• 📞 (67) 99180-0542 – Promuse (atendimento via telefone ou WhatsApp).

No interior do Estado, as Delegacias da Mulher (DAMs) estão presentes em Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.

Em caso de negligência policial, denúncias podem ser feitas à Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone (67) 3314-1896 ou ao GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial) do MPMS, pelos números (67) 3316-2836, 3316-2837 ou 9321-3931.