Campo Grande (MS), Sexta-feira, 19 de Setembro de 2025

Política / Investigação

Aviões atribuídos a Antônio Rueda somam R$ 60 milhões e têm ligação com contador investigado

Documentos da Anac revelam negócios das aeronaves; PF não descarta abrir inquérito específico contra o presidente do União Brasil

19/09/2025

08:30

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

Os jatinhos atribuídos ao presidente do União Brasil, Antônio Rueda, têm valor estimado de R$ 60,4 milhões, segundo registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Embora o dirigente negue ser proprietário das aeronaves, documentos oficiais mostram que todas as negociações envolvem nomes e empresas ligados a um mesmo contador: Bruno Ferreira Vicente de Queiroz, de 37 anos, natural de Fortaleza e residente em São Paulo.

Rueda é citado no âmbito da Operação Tank, que se conecta à Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, que apura a infiltração do PCC (Primeiro Comando da Capital) nos setores de combustíveis e financeiro.

O papel do contador Bruno Ferreira

Queiroz aparece como diretor, presidente ou sócio de 15 empresas nos registros da Receita Federal. Entre elas estão a Magic Aviation, atual proprietária do Cessna 560 XL (PR-LPG), avaliado em R$ 12,5 milhões, e a Rovaniemi Participações S.A., dona do Gulfstream G200 (PS-MRL), adquirido em 2025 por US$ 4 milhões (R$ 21,2 milhões).

Bruno também comanda a Bariloche Participações S.A., sediada no Itaim Bibi (SP), com capital social de R$ 110 milhões, que tem entre os sócios empresários do setor de mineração investigados por venda de sentenças no STJ, na Operação Sisamnes.

Outras aeronaves atribuídas a Rueda

  • Raytheon R390 (PR-JRR): avaliado em cerca de R$ 13 milhões, pertence à Fenix Participações, que tem entre os sócios o advogado Caio Vieira Rocha (filho do ex-ministro do STJ César Asfor Rocha) e o ex-senador Chiquinho Feitosa.

  • Cessna Citation J2 (PT-FTC): vendido por R$ 13,72 milhões em 2023 para a Serveg Serviços LTDA, empresa em nome de Antônia Viana Silva Soares, que negou conhecer a aeronave.

  • Cessna 560 XL (PR-LPG): atualmente registrado na Magic Aviation, presidida por Bruno Ferreira.

  • Gulfstream G200 (PS-MRL): transferido à Rovaniemi Participações S.A., também ligada a Bruno Ferreira.

Todas as aeronaves são operadas pela empresa de táxi aéreo Transportes Aéreos Piracicaba (TAP), já usada por Roberto Augusto Leme, o “Beto Louco”, alvo da Operação Carbono Oculto e apontado como ligado ao PCC.

Menção a Rueda nas investigações

A citação de Rueda até o momento surgiu no depoimento do piloto Mauro Caputti Mattosinho, ex-funcionário da TAP. Ele afirmou à PF que o empresário Epaminondas Chenu, dono da companhia, dizia que as compras de aeronaves eram financiadas por um grupo “encabeçado por Rueda” e que havia “muito dinheiro para gastar”.

“Havia um clima de boom de crescimento na empresa. Isso foi justificado como sendo um grupo muito forte, encabeçado pelo Rueda, que vinha com muito dinheiro que precisava gastar”, disse Mattosinho em entrevista ao UOL e ICL Notícias.

Defesa de Rueda

Em nota, Rueda negou categoricamente qualquer ligação com os aviões ou com os fatos apurados pelas operações:

“Meu nome foi suscitado em um contexto absolutamente infundado. Tomarei todas as medidas cabíveis para proteger minha reputação”, declarou.

Próximos passos

Por enquanto, a Polícia Federal não abriu inquérito específico contra Rueda, mas não descarta a possibilidade caso surjam novos indícios que sustentem uma investigação direta.


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