Política / Justiça
Paulo Figueiredo é citado em investigação de fraude bilionária nos EUA e tem empresa ligada a magnata chinês preso
Influenciador bolsonarista recebeu US$ 140 mil de empresa apontada como fachada por esquema ligado a Steve Bannon e Miles Guo; Justiça americana cobra valor em processo de falência
05/08/2025
16:15
IÉ
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
A Justiça dos Estados Unidos incluiu uma empresa do influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo em um processo de recuperação de ativos supostamente desviados por Miles Guo, magnata chinês e ex-sócio de Steve Bannon, condenado por lavagem de dinheiro e organização criminosa. Segundo o Departamento de Justiça (DOJ), a International Treasure Group LLC, registrada em nome de Figueiredo, teria recebido US$ 140 mil por meio de uma transação considerada “fraudulenta”.
O caso ganhou destaque dias após Figueiredo e Eduardo Bolsonaro aparecerem juntos em Washington, defendendo sanções ao governo brasileiro e ao ministro Alexandre de Moraes. Ambos celebraram o tarifaço de 50% imposto pelo ex-presidente Donald Trump contra produtos brasileiros e a aplicação da Lei Magnitsky a Moraes como “missão cumprida”.
Miles Guo, conhecido também como Ho Wan Kwok, está preso desde março de 2023 e foi condenado por nove crimes em julho de 2024. Ele financiou Bannon e ajudou a criar uma rede de empresas e organizações que promovem a extrema-direita global, incluindo a rede social Gettr, usada para impulsionar a campanha de Jair Bolsonaro em 2022.
Figueiredo, segundo a Justiça americana, teria recebido os US$ 140 mil da HCHK Technologies, apontada como empresa de fachada de Guo. O processo, que tramita no Tribunal de Falências do Distrito de Connecticut, afirma que a transferência foi feita para dificultar o rastreamento de ativos e evitar o pagamento de dívidas.
O influenciador não respondeu à notificação judicial no prazo legal, e o caso corre à revelia. Um mediador foi nomeado. Figueiredo também foi citado como articulador da presença de influenciadores na Gettr e teria atuado para recrutar nomes da direita para a plataforma. Ele se recusou a responder perguntas da imprensa e ameaçou jornalistas que o procuraram.
Jason Miller, ex-CEO da Gettr e aliado de Eduardo Bolsonaro, também está sendo investigado por ter recebido US$ 353 mil de empresas ligadas a Guo.
No Brasil, Paulo Figueiredo é denunciado pela Procuradoria-Geral da República por envolvimento na tentativa de golpe de Estado e articulações em apoio aos atos de 8 de janeiro. Ele é o único entre os 34 denunciados que ainda não teve a acusação analisada pelo STF, por residir no exterior.
A atuação internacional do influenciador, especialmente nos EUA, tem sido vista como um esforço estratégico para pressionar instituições brasileiras e fortalecer o bolsonarismo, agora com respaldo direto do governo Trump. Figueiredo afirmou em depoimentos que as ações de Moraes o legitimaram como voz internacional contra a “escalada autoritária” no Brasil.
Figueiredo também esteve envolvido na construção do Trump Hotel no Rio de Janeiro, empreendimento que deixou R$ 15 milhões em dívidas tributárias. Ele foi CEO da consultoria responsável pela obra e é réu em processo que cobra valores milionários de investidores.
A rede de articulação que envolve Paulo Figueiredo, Eduardo Bolsonaro, Steve Bannon e Miles Guo é alvo de diversas frentes de investigação nos EUA e no Brasil. As conexões entre os atores revelam uma estratégia coordenada de influência política, uso de plataformas digitais e financiamento privado com interesses geopolíticos.
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