Política Internacional
Lula chama decisão de Trump de ‘desaforo’ e diz que Brasil buscará OMC e reciprocidade tarifária
Presidente afirma que postura dos EUA é inaceitável, critica intromissão nos assuntos do STF e diz que Brasil não aceitará afronta à sua soberania
10/07/2025
20:00
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu com firmeza à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados ao país norte-americano. Em entrevista ao Jornal Nacional, na noite de quarta-feira (10), Lula classificou a medida como “inadmissível” e afirmou que o Brasil acionará a Organização Mundial do Comércio (OMC) e poderá retaliar com base na Lei de Reciprocidade.
“É inaceitável que o presidente Trump mande uma carta dizendo que quer acabar com a ‘caça às bruxas’. Isso é inadmissível. O Brasil tem Justiça e os processos contra Bolsonaro seguem com presunção de inocência”, afirmou Lula.
A sobretaxa, anunciada por Trump por meio de carta pública publicada em seu site oficial, atinge produtos como carne bovina, café, aço, suco de laranja e petróleo — principais itens da pauta de exportações do Brasil para os EUA. O presidente brasileiro classificou a decisão como “um desaforo” e ressaltou que, se a tarifa for mantida, o país usará os instrumentos legais para revidar:
OMC: o governo brasileiro buscará o órgão internacional para mediar o conflito.
Lei de Reciprocidade: aprovada em abril de 2024, permite medidas contra países que impuserem barreiras comerciais unilaterais.
“Se não houver solução, vamos aplicar a reciprocidade a partir de 1º de agosto. O Brasil quer respeito”, garantiu Lula.
O presidente criticou a tentativa de vincular a sanção tarifária às investigações contra Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), considerando a atitude de Trump uma afronta à soberania nacional:
“Não aceitamos intromissão de quem quer que seja nas nossas decisões soberanas. Trump quer influenciar decisões do STF prejudicando nossos produtores, mas não vamos tolerar isso.”
Segundo Lula, cabe ao Ministério das Relações Exteriores avaliar medidas diplomáticas, como convocar a embaixadora brasileira nos EUA para consultas. O Itamaraty ainda avalia as consequências do anúncio feito de forma pública, sem contato oficial prévio com o governo brasileiro.
“Trump publicou em seu site sem sequer nos comunicar oficialmente. Isso demonstra total desrespeito entre chefes de Estado.”
O presidente informou que se reunirá com empresários brasileiros que exportam para os EUA para discutir estratégias. Ele também destacou a busca por novos mercados como alternativa:
“Essa é a hora de mostrar que o Brasil é um país soberano. Vamos abrir novos caminhos e não aceitar pressões.”
Lula minimizou o impacto da Cúpula do BRICS na decisão de Trump e reafirmou o compromisso do grupo com o comércio multipolar. Durante o encontro, o presidente defendeu o uso de moedas locais e criticou o domínio do dólar nas relações internacionais.
“Só os EUA têm a máquina de imprimir dólar. Não precisamos disso para fazer comércio exterior.”
Questionado sobre a visita à ex-presidente argentina Cristina Kirchner, Lula afirmou que foi um gesto humanitário e rechaçou comparações com o caso de Bolsonaro.
“Cada presidente tem direito de visitar quem quiser. O que não pode é outro país interferir nas decisões da nossa Justiça.”
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