Política / Assembleia Legislativa
Deputados de MS repercutem carta de Trump e alertam para riscos à soberania e à economia brasileira
Pedro Kemp vê tentativa de intimidação ao STF; Pedrossian, Gerson Claro e João Henrique divergem em tom, mas pedem equilíbrio nas relações com os EUA
10/07/2025
11:45
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A carta enviada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, impondo tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, dominou os debates da sessão desta quinta-feira (10) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS). Deputados estaduais repercutiram a medida com diferentes avaliações, mas convergiram na preocupação com os impactos sobre a economia e o comércio internacional.
O deputado Pedro Kemp (PT) foi o primeiro a abordar o tema, classificando a carta de Trump como uma “ridícula afronta à soberania nacional”. Para ele, a justificativa apresentada — de que o Brasil estaria perseguindo Jair Bolsonaro e as big techs — é uma “bravata” com fins ideológicos.
“O STF está cumprindo seu papel constitucional com independência ao julgar os responsáveis pelos atos de 8 de janeiro. Trump tenta intimidar essa atuação com alegações infundadas”, afirmou.
Kemp também relacionou a ofensiva tarifária à recente reunião do BRICS no Brasil, afirmando que os EUA “temem perder hegemonia” para potências emergentes como China e Brasil, que hoje integram as dez maiores economias do mundo.
O parlamentar petista alertou para os efeitos imediatos da medida, como alta do dólar e queda nas bolsas, e citou que empregos, a indústria e o agronegócio brasileiro estão entre os setores mais prejudicados:
“Quem celebrou a eleição de Trump no passado precisa ver agora o prejuízo que ele está causando ao país.”
O deputado Pedrossian Neto (PSD) também demonstrou preocupação com a carta e o rompimento das regras do comércio internacional, vigentes desde 1947:
“É uma tarifa altíssima, que viola acordos de não discriminação entre produtos nacionais e importados. Estamos politizando o comércio internacional, o que é perigoso.”
Ele defendeu que o Brasil retome o diálogo com os EUA, com base no respeito mútuo, na diplomacia e em regras claras.
Já o presidente da ALEMS, Gerson Claro (PP), leu o último parágrafo da carta de Trump, que abre margem para eventuais revisões da tarifa, dependendo da postura do Brasil:
“Trump encerra a carta dizendo que as tarifas podem ser modificadas para cima ou para baixo, dependendo do relacionamento entre os países.”
Gerson afirmou que o tema tem sido usado ideologicamente no Brasil, quando deveria ser tratado com responsabilidade e equilíbrio. Para ele, o governo brasileiro tem o dever de conduzir a resposta com pragmatismo, sem partidarizar a questão.
O deputado João Henrique (PL) foi à tribuna para contextualizar a postura da direita internacional, dizendo que a posição de Trump não é isolada, mas relacionada a alianças do Brasil com países que não respeitam a democracia, como o Irã.
“O Brasil precisa sair de cima do muro e fortalecer os verdadeiros parceiros. A liberdade de expressão está no centro do debate. O pacto de São José da Costa Rica está sendo ignorado quando se impõem restrições às plataformas digitais.”
Ele defendeu uma política externa mais alinhada a democracias liberais e criticou a neutralidade histórica do país.
Apesar das diferenças de tom e ideologia, os parlamentares convergiram na defesa da soberania nacional e na importância do diálogo diplomático com os Estados Unidos, diante de uma medida que pode afetar diretamente a balança comercial, o agronegócio, a indústria e os postos de trabalho no Brasil.
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