Política
Prefeitura veta projeto que proibia venda de arsênio em Campo Grande
Texto é considerado inconstitucional por invadir competências da União e dos Estados; Câmara pode derrubar veto
08/07/2025
17:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A prefeita Adriane Lopes (PP) vetou integralmente o projeto de lei que proibia a venda de produtos com arsênio no município de Campo Grande. O veto foi publicado em edição extra do Diogrande, nesta terça-feira (8), e se baseia em pareceres técnicos da Procuradoria-Geral do Município (PGM) e da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), que apontaram inconstitucionalidade da matéria.
Segundo os pareceres, o projeto, de autoria do vereador Neto Santos (Republicanos), extrapola a competência legislativa do município ao tratar de temas relacionados à produção, comercialização e regulação de substâncias químicas, áreas que são de responsabilidade da União e dos Estados.
“Quando o município edita norma autônoma com conteúdo substancial sobre substâncias químicas, ultrapassa sua competência e interfere em domínio reservado à União e aos Estados”, destacou o parecer jurídico.
O projeto foi aprovado pela Câmara Municipal após a morte de uma adolescente envenenada com arsênio em São Paulo, gerando comoção nacional. A proposta visava proibir a venda do composto químico em Campo Grande, excetuando seu uso em pesquisas científicas e aplicações industriais com controle técnico e licenciamento.
Durante a votação, Neto Santos justificou que a medida buscava prevenir crimes e proteger populações vulneráveis, como crianças e trabalhadores informais. Ele afirmou:
“Temos visto no Brasil uso dessa substância para envenenamento e destruição de famílias. Queremos nos antecipar para que não ocorram casos aqui.”
A justificativa do projeto também apontava ausência de vedação geral à comercialização do arsênio no país, o que facilitaria o comércio informal da substância.
A Sesau reforçou, em sua manifestação, que a comercialização e uso do arsênio já são regulados por normas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e por legislação federal, o que inclui limites de uso, fiscalização e controle sanitário.
Por esse motivo, o município considerou que a proposta, embora com mérito, era juridicamente incompatível com o ordenamento constitucional brasileiro.
Com o veto total da prefeita, a matéria será devolvida à Câmara Municipal, que terá a prerrogativa de mantê-lo ou derrubá-lo por maioria absoluta dos votos. Se o veto for derrubado, a lei será promulgada pela própria Câmara.
Paralelamente, no Congresso Nacional, tramita o Projeto de Lei nº 985/2025, que propõe restrições à venda de arsênio em todo o território brasileiro, reforçando o debate sobre a regulação do composto químico em escala nacional.
Veto total da prefeita Adriane Lopes ao projeto que proíbe venda de arsênio;
Justificativa de inconstitucionalidade, com base em pareceres da PGM e Sesau;
Competência para legislar sobre substâncias químicas é da União e dos Estados;
Câmara Municipal poderá manter ou derrubar o veto em votação futura;
Projeto foi motivado pela morte de adolescente em São Paulo;
Tramita no Congresso o PL 985/2025, que trata do tema em âmbito nacional.
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