Educação / Comportamento
“Educação não é sobre positividade, é sobre efetividade”, alerta psicóloga Aline Graffiette
Especialista explica como impor limites claros sem confundir educação com agressão ou permissividade
17/06/2025
12:45
Aline Graffiette
psicóloga Aline Graffiette
Num mundo em que muitos pais querem ser mais amados do que respeitados pelos filhos, cresce a confusão entre educar e agradar. A psicóloga Aline Graffiette, CEO da Mental One e especialista em orientação parental, alerta: “Educação não é sobre positividade, é sobre efetividade”.
Segundo ela, é fundamental desconstruir a ideia equivocada de que uma educação positiva significa ser permissivo ou evitar frustrações a qualquer custo. “Educar de forma efetiva exige limites claros e consequências proporcionais, sem agressão, mas também sem abrir mão da autoridade parental”, explica.
Graffiette defende que aplicar consequências aos comportamentos é parte essencial do processo educativo. “Punição, nesse contexto, não significa bater, mas estabelecer consequências claras quando regras são desrespeitadas”, pontua. A ausência desses limites não prepara a criança para os desafios do mundo real, onde frustrações são inevitáveis.
Ela também critica a prática comum de negociar afeto com os filhos. “Quando os pais cedem demais, a criança aprende que amor pode ser usado como moeda de troca, o que gera adultos com relacionamentos instáveis e baseados em interesse, não em afeto genuíno”, alerta.
A especialista ressalta que pais não precisam ser autoritários, mas sim exercer a autoridade de forma assertiva e amorosa. “Assim como no trabalho, nem toda decisão é negociável. Se os pais não conseguem dizer ‘não’, a criança cresce acreditando que pode fazer tudo do seu jeito, o que é altamente prejudicial para seu desenvolvimento social e emocional”, reforça.
“Educar é repetir centenas de vezes a mesma orientação”, diz a psicóloga. Ela compara o processo educativo ao adestramento de um animal, porém muito mais complexo, pois envolve a formação de caráter, autonomia e senso ético, não apenas obediência.
“Elas testam até onde podem ir porque precisam entender onde estão as margens que as mantêm seguras e adaptadas socialmente”, explica. Estudos recentes mostram que a ausência de limites claros pode ser mais prejudicial do que a rigidez excessiva, levando à perda do senso de direção e de propósito na vida.
“Quando tudo pode, a criança perde até a capacidade de desejar. Sem obstáculos, não existe desenvolvimento da vontade, da disciplina nem do senso de conquista”, observa.
Graffiette defende que a orientação parental é uma ferramenta indispensável para famílias que buscam equilíbrio. “Cada família tem suas particularidades, e um profissional qualificado ajuda os pais a entenderem até onde podem e devem flexibilizar ou endurecer, sempre respeitando o contexto familiar, mas sem abrir mão da função educativa”, finaliza.
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