Economia / Política
Haddad tira férias em meio à crise do IOF e irrita Congresso Nacional
Ausência do ministro da Fazenda ocorre no auge do impasse sobre aumento do imposto e provoca reação de parlamentares
16/06/2025
20:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, iniciou, nesta segunda-feira (16), um período de férias em meio ao acirramento da crise envolvendo o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A decisão de se afastar em um momento crítico gerou forte reação no Congresso, especialmente na Câmara dos Deputados, onde avança a tramitação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que visa derrubar a medida do governo.
Haddad ficará afastado até 22 de junho e será substituído interinamente pelo secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan. A informação foi publicada no Diário Oficial da União no dia 5 de junho. Inicialmente, o ministro havia programado suas férias para o período de 11 a 20 de julho, mas as datas foram antecipadas no início deste mês.
O afastamento de Haddad coincide com a movimentação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que colocou na pauta a votação da urgência do PDL que derruba parte do aumento do IOF. A medida vem sendo alvo de críticas de parlamentares desde seu anúncio, em maio, por elevar a carga tributária sobre operações financeiras, especialmente no câmbio.
Apesar da repercussão negativa, o governo fez uma "recalibragem" das medidas, reduzindo parte do impacto inicial, mas mantendo expectativa de arrecadação de cerca de R$ 7 bilhões em 2025. Ao todo, o Ministério da Fazenda projeta R$ 31,4 bilhões em arrecadação até 2026 com a proposta alternativa.
“É uma falta de respeito com o Congresso e com o país. No auge da discussão de um tema sensível como esse, o ministro simplesmente sai de férias”, reclamou, em reservado, um deputado da base.
No último sábado (14), Hugo Motta se reuniu no Palácio da Alvorada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Embora o teor oficial da conversa não tenha sido divulgado, interlocutores confirmaram que a principal pauta foi o avanço das propostas no Congresso para derrubar o aumento do IOF.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), minimizou a crise. Segundo ele, o acordo firmado prevê a votação apenas da urgência, e não do mérito do PDL.
“Não há crise. A urgência será votada, mas isso não significa que o mérito da matéria será derrubado”, assegurou Guimarães.
Desde o anúncio das medidas, em maio, 37 projetos foram apresentados na Câmara e cinco no Senado para tentar barrar ou alterar o aumento do IOF. Só após o recuo parcial da equipe econômica, 14 propostas específicas foram protocoladas, indicando que o tema continua mobilizando a base e a oposição.
O desgaste político também acende um alerta no Palácio do Planalto, que tenta costurar acordos para evitar um desgaste maior na relação com o Legislativo.
📈 Motivo: Aumento do IOF sobre operações de câmbio e financeiras
💰 Arrecadação prevista: R$ 7 bilhões em 2025 e R$ 31,4 bilhões até 2026
🏛️ Reação do Congresso: 42 projetos (37 na Câmara e 5 no Senado) tentam derrubar ou alterar a medida
🔥 Crise política: Haddad entra de férias no auge da discussão, aumentando o mal-estar no Legislativo
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