Polícia / Justiça
Stalking e feminicídio: assassino perseguiu e expôs jornalista Vanessa Ricarte por 20 dias antes de matá-la
Gaeco revela ciclo de violência com chantagens, exposição íntima e cárcere antes do crime brutal cometido pelo noivo
05/05/2025
17:30
CE
DA REDAÇÃO
Assassino de Vanessa a vigiou por 20 dias nas redes, quebrando a senha dela
A jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, assassinada brutalmente em Campo Grande no dia 12 de fevereiro, foi vítima de perseguição intensa e violência psicológica durante pelo menos 20 dias antes do crime. O relatório do Gaeco-MS (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) revela detalhes estarrecedores do ciclo de controle e abuso praticado pelo noivo dela, o músico Caio César Nascimento Pereira, de 34 anos.
De acordo com a promotora Ana Lara Camargo de Castro, Vanessa viveu um verdadeiro "festival de horrores", como ela mesma descreveu a colegas de trabalho. A vítima era monitorada, ameaçada, exposta, chantageada e mantida sob vigilância constante por Caio, que usava recursos tecnológicos para controlar cada passo da companheira.
Segundo a investigação, Caio instalou um sistema de rastreamento e monitoramento em tempo real, espelhando o iPhone e o Apple Watch da jornalista em seu próprio computador. Ele possuía as senhas da conta da Apple dela e exigia que Vanessa fizesse chamadas de vídeo constantemente, até mesmo enquanto dirigia.
O comportamento obsessivo de Caio se encaixa no chamado "ciclo da violência doméstica", alternando fases de agressão, manipulação emocional, pedidos de desculpa e novos episódios de controle. Em mensagens de WhatsApp obtidas pelo Gaeco, o agressor alternava declarações de amor com ordens agressivas, questionamentos constantes e exigências de retorno imediato à residência.
Quando percebeu que Vanessa buscava ajuda e se afastava, Caio passou a expor imagens íntimas da jornalista na internet, em um típico caso de revenge porn. As fotos e vídeos foram postados sem consentimento na conta dela no Instagram e até em sites pornográficos como o Xvideos. A perícia confirmou que os conteúdos foram publicados por ele, que criou perfis falsos se passando por Vanessa.
Em uma das conversas analisadas, Vanessa desabafa com uma amiga:
“Eu sofri violência doméstica, psicológica, difamação, exposição indevida de fotos. Fui mantida em cárcere privado ontem, foi um festival de horrores. (...) Vou pedir escolta para tirar ele de casa.”
Apesar de procurar ajuda na Casa da Mulher Brasileira e registrar boletins de ocorrência, Vanessa não recebeu a escolta policial solicitada. Em seus últimos dias, ela chegou a retirar seus equipamentos eletrônicos da casa, tentando se proteger.
No dia do assassinato, voltou à residência com um amigo para retirar pertences. Foi atacada por Caio, que a matou com várias facadas no peito. O amigo que a acompanhava também foi agredido e sobreviveu.
Caio foi preso em flagrante e responde pelos crimes de feminicídio, abuso psicológico e tentativa de homicídio. Vanessa era assessora de imprensa do Ministério Público do Trabalho em Campo Grande e deixava claro a pessoas próximas que temia por sua vida.
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