Campo Grande (MS), Quinta-feira, 17 de Abril de 2025

Política / Pesquisa

Maioria dos brasileiros rejeita anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, aponta Datafolha

Levantamento revela que 56% da população é contra o perdão aos condenados pelos atos golpistas; divisão marca debate sobre penas e Lei da Ficha Limpa

08/04/2025

06:30

NAOM

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

A mais recente pesquisa Datafolha revela que 56% dos brasileiros são contra a concessão de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas em Brasília. A rejeição ainda é ampla, embora tenha caído em relação ao ano passado, quando 63% se opunham à ideia.

O levantamento, realizado entre os dias 1º e 3 de abril com 3.054 eleitores em 172 cidades, também mostra uma sociedade dividida em relação às penas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF): 34% as consideram adequadas, 36% acham que deveriam ser menores e 25% preferem penas mais duras.

📊 Números da pesquisa

  • Contra a anistia: 56%

  • A favor da anistia: 37% (alta em relação a 31% de um ano atrás)

  • Penas adequadas: 34%

  • Penas deveriam ser menores: 36%

  • Penas deveriam ser maiores: 25%

📍 Recortes por grupos

  • Simpatizantes do PL: 72% defendem a anistia

  • Apoiadores do PSOL: 90% são contra

  • Petistas: 68% são contra

  • Eleitores de Tarcísio de Freitas: 61% são a favor

  • Evangélicos: 40% a favor / 50% contra (margem de erro de 4 pontos)

  • Renda mais alta (acima de 5 salários): 45% a 47% defendem penas menores

  • Mais pobres: 30% preferem penas mais duras

🧑‍⚖️ Caso Débora Rodrigues e repercussão

A discussão sobre o tamanho das penas ganhou força após o julgamento da cabeleireira Débora Rodrigues, condenada inicialmente a 14 anos de prisão por pintar com batom a frase "perdeu, mané" — em referência ao ministro Luís Roberto Barroso. O ministro Alexandre de Moraes foi seguido por Flávio Dino no voto condenatório, mas Luiz Fux pediu vista, interrompendo o julgamento. Posteriormente, Débora foi transferida para prisão domiciliar.

O caso se tornou símbolo da polarização em torno do tema e impactou a percepção pública sobre o rigor das punições.

📢 Bolsonaro e o movimento pró-anistia

No último domingo (6), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) liderou um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, para pedir anistia aos envolvidos no 8 de janeiro. Embora tenha reunido cerca de 55 mil pessoas, segundo o Datafolha, a mobilização foi inferior às realizadas no início de 2023, revelando uma possível perda de tração do ex-mandatário.

Bolsonaro tenta reforçar sua base e criar pressão no Congresso por um eventual perdão — que também o beneficiaria, já que está inelegível até 2030. Apesar disso, uma anistia votada pelo Legislativo teria grandes chances de ser considerada inconstitucional pelo STF.

Até o momento, o Supremo já condenou pelo menos 480 réus, sendo 155 deles atualmente presos, em um total de mais de 1.500 ações penais relacionadas ao ataque golpista.

⚖️ Ficha Limpa divide opiniões

Outro tema abordado na pesquisa foi a possível alteração na Lei da Ficha Limpa, que impediria ou permitiria a volta de políticos condenados às urnas. O Datafolha revelou um empate técnico:

  • Contra mudança na Ficha Limpa: 47%

  • A favor da mudança: 47%

  • Não souberam responder: 5%

  • Indiferentes: 1%

A proposta, debatida no Congresso, buscava reduzir o tempo de inelegibilidade, mas foi ajustada para impedir que beneficiasse diretamente Jair Bolsonaro. A maior rejeição à mudança vem das classes mais altas: 66% dos que ganham mais de 10 salários mínimos são contra.


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