Política / Pesquisa
Maioria dos brasileiros rejeita anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, aponta Datafolha
Levantamento revela que 56% da população é contra o perdão aos condenados pelos atos golpistas; divisão marca debate sobre penas e Lei da Ficha Limpa
08/04/2025
06:30
NAOM
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A mais recente pesquisa Datafolha revela que 56% dos brasileiros são contra a concessão de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas em Brasília. A rejeição ainda é ampla, embora tenha caído em relação ao ano passado, quando 63% se opunham à ideia.
O levantamento, realizado entre os dias 1º e 3 de abril com 3.054 eleitores em 172 cidades, também mostra uma sociedade dividida em relação às penas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF): 34% as consideram adequadas, 36% acham que deveriam ser menores e 25% preferem penas mais duras.
Contra a anistia: 56%
A favor da anistia: 37% (alta em relação a 31% de um ano atrás)
Penas adequadas: 34%
Penas deveriam ser menores: 36%
Penas deveriam ser maiores: 25%
Simpatizantes do PL: 72% defendem a anistia
Apoiadores do PSOL: 90% são contra
Petistas: 68% são contra
Eleitores de Tarcísio de Freitas: 61% são a favor
Evangélicos: 40% a favor / 50% contra (margem de erro de 4 pontos)
Renda mais alta (acima de 5 salários): 45% a 47% defendem penas menores
Mais pobres: 30% preferem penas mais duras
A discussão sobre o tamanho das penas ganhou força após o julgamento da cabeleireira Débora Rodrigues, condenada inicialmente a 14 anos de prisão por pintar com batom a frase "perdeu, mané" — em referência ao ministro Luís Roberto Barroso. O ministro Alexandre de Moraes foi seguido por Flávio Dino no voto condenatório, mas Luiz Fux pediu vista, interrompendo o julgamento. Posteriormente, Débora foi transferida para prisão domiciliar.
O caso se tornou símbolo da polarização em torno do tema e impactou a percepção pública sobre o rigor das punições.
No último domingo (6), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) liderou um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, para pedir anistia aos envolvidos no 8 de janeiro. Embora tenha reunido cerca de 55 mil pessoas, segundo o Datafolha, a mobilização foi inferior às realizadas no início de 2023, revelando uma possível perda de tração do ex-mandatário.
Bolsonaro tenta reforçar sua base e criar pressão no Congresso por um eventual perdão — que também o beneficiaria, já que está inelegível até 2030. Apesar disso, uma anistia votada pelo Legislativo teria grandes chances de ser considerada inconstitucional pelo STF.
Até o momento, o Supremo já condenou pelo menos 480 réus, sendo 155 deles atualmente presos, em um total de mais de 1.500 ações penais relacionadas ao ataque golpista.
Outro tema abordado na pesquisa foi a possível alteração na Lei da Ficha Limpa, que impediria ou permitiria a volta de políticos condenados às urnas. O Datafolha revelou um empate técnico:
Contra mudança na Ficha Limpa: 47%
A favor da mudança: 47%
Não souberam responder: 5%
Indiferentes: 1%
A proposta, debatida no Congresso, buscava reduzir o tempo de inelegibilidade, mas foi ajustada para impedir que beneficiasse diretamente Jair Bolsonaro. A maior rejeição à mudança vem das classes mais altas: 66% dos que ganham mais de 10 salários mínimos são contra.
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