Interior / Anastácio
“Farra das diárias” em Anastácio: vereadores recebem mais que ministros e MPE exige corte imediato
Câmara pagou R$ 891 mil em 2024 e pode responder por improbidade administrativa, alerta Ministério Público
02/04/2025
16:15
O JACARÉ
DA REDAÇÃO
©Reprodução/Facebook
O Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul (MPE) emitiu uma recomendação formal à Câmara Municipal de Anastácio, exigindo a regulamentação e a redução urgente dos valores pagos em diárias a vereadores e servidores. Segundo apuração do promotor Marcos Martins de Britto, a Casa Legislativa desembolsou R$ 891 mil em 2024 apenas com esse tipo de gasto, superando os valores pagos até mesmo a ministros do Governo Federal.
O valor atual das diárias para viagens fora de MS chega a R$ 1.600, enquanto ministros da União recebem entre R$ 750 e R$ 900. O Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) já havia alertado anteriormente para a necessidade de revisão e adequação dos valores, considerando-os desproporcionais e injustificáveis.
De acordo com o promotor Marcos de Britto, a prática observada no Legislativo municipal revela o uso frequente e indiscriminado de diárias, muitas vezes como uma forma de complementação salarial disfarçada, o que pode configurar ato de improbidade administrativa.
“A concessão habitual de diárias, sem critérios objetivos e desvinculada de necessidade institucional, fere os princípios da legalidade, moralidade e economicidade, todos de ordem constitucional”, destacou o promotor em sua recomendação.
Além disso, não há diferenciação nos valores concedidos conforme o tipo de transporte utilizado (público ou particular), o que também indica falta de controle e critérios na concessão.
A recomendação encaminhada ao presidente da Câmara, vereador Lincoln Pellicioni (PSDB), determina que:
Um projeto de lei regulamentando as diárias seja apresentado em até 30 dias;
A nova legislação inclua critérios claros, objetivos e baseados no interesse público;
O valor das diárias respeite o princípio da razoabilidade, tomando como base os valores pagos aos ministros de Estado;
O presidente da Câmara suspenda a autorização de diárias sem ligação direta com a função exercida pelos parlamentares ou servidores;
O pagamento de diárias não seja utilizado como forma de benefício financeiro indireto.
Caso a recomendação seja ignorada, o Ministério Público poderá ingressar com ação judicial por improbidade administrativa, o que pode resultar em ressarcimento ao erário, perda de direitos políticos e sanções civis aos envolvidos.
O Legislativo municipal tem 20 dias a partir do recebimento da notificação para responder formalmente ao Ministério Público.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Mega-Sena 2.865: apostas de GO e SP acertam as 6 dezenas e dividem prêmio de R$ 103 milhões
Leia Mais
PL demite Fábio Wajngarten após vazamento de mensagens com Mauro Cid sobre Michelle Bolsonaro
Leia Mais
Projeto de Lei propõe novo padrão de atendimento ao cidadão em Campo Grande com foco em inovação e eficiência
Leia Mais
Gianni Nogueira desponta como nome bolsonarista ao Senado por MS, aponta pesquisa
Municípios