POLÍTICA
Mauro Cid nega conhecimento de plano para matar Lula, Alckmin e Moraes, mas delação corre risco
Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro afirma desconhecer trama golpista, mas investigação aponta contradições em depoimento à PF.
19/11/2024
17:21
G1
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (19), negando qualquer envolvimento ou conhecimento sobre o plano de golpe de Estado e os atentados contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O depoimento ocorreu após a PF recuperar dados apagados do computador de Cid e prender quatro militares e um policial federal suspeitos de envolvimento na trama.
Apesar das negativas de Cid, os investigadores consideram que ele omitiu informações importantes e contradisse evidências já coletadas, colocando em risco sua colaboração premiada. Fontes indicam que há suspeitas de que Cid tenha agido para proteger o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro.
Documentos e mensagens obtidos pela PF indicam que Mauro Cid trocou informações com o general da reserva Mario Fernandes, preso nesta terça-feira. Em um dos trechos, Fernandes relatou a Cid uma conversa com Bolsonaro em 2022, na qual o então presidente teria indicado que ações golpistas poderiam ocorrer até o último dia de seu mandato.
“Durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo", diz Fernandes, referindo-se a Lula como "vagabundo".
Além disso, Fernandes demonstrou preocupação com a perda de força dos movimentos de apoiadores acampados em frente aos quartéis, alertando Cid sobre possíveis radicalizações ou desmobilizações.
A postura de Mauro Cid durante o depoimento desagradou os investigadores, que acreditam que ele está omitindo detalhes cruciais, inclusive nomes de outros envolvidos. Caso fique comprovado que Cid não está colaborando integralmente, sua delação pode ser cancelada.
A investigação da PF avança com base em evidências que contradizem as alegações de desconhecimento apresentadas por Cid, reforçando sua ligação com os suspeitos já detidos e com as ações golpistas planejadas.
A operação e as novas revelações geraram grande repercussão política e jurídica, ampliando o cerco sobre figuras-chave do governo Bolsonaro e fortalecendo as investigações sobre a tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
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