Artigo
Não se julgue pelas metas inalcançadas em 2025
14/12/2025
07:30
WILSON AQUINO
WILSON AQUINO*
Estamos na reta final de mais um ciclo e, como acontece todos os anos, milhões de pessoas ao redor do mundo revisitam suas metas, sonhos e planos feitos meses atrás, num janeiro cheio de esperança. E é justamente nesse momento que muitos se frustram. Olham paara trás e percebem que uma parte considerável daquilo que planejavam não se concretizou — algumas metas avançaram pouco, outras sequer saíram do papel. Esse choque entre o que desejamos ser e o que realmente conseguimos fazer costuma machucar a alma.
Homens sábios, ao longo dos séculos, sempre nos lembraram que não é a queda que define um ser humano, mas sim sua capacidade de levantar, recomeçar e seguir adiante. Ralph Waldo Emerson, por exemplo, dizia que “a nossa maior glória não está em jamais cair, mas em levantarmo-nos cada vez que caímos.” Essa verdade permanece imutável. Aliás, mais atual do que nunca.
Hoje, no mundo acelerado em que vivemos, o peso psicológico de metas não alcançadas pode ser devastador. Quantas pessoas — jovens, adultos e até crianças — chegam ao mês de dezembro sentindo- -se fracassadas? Quantas adoecem emocionalmente porque acham que não corresponderam às expectativas próprias ou alheias? É como se carregassem um fardo invisível, que insiste em dizer que são insuficientes, incapazes, inadequadas.
Mas essa voz interior, tão dura e tão convincente, é uma impostora. A mente humana, quando tomada pelo desânimo, costuma mentir. Ela exagera o negativo, distorce a realidade e nos faz acreditar que somos menores do que realmente somos. Contudo, a verdade é exatamente o oposto: somos infinitamente capazes de nos reinventar, de redirecionar esforços, de recomeçar melhor, mais maduros e mais preparados.
A vida, como todos já percebemos, é feita de desvios inesperados. Obstáculos surgem sem aviso. Portas que antes estavam abertas de repente se fecham. Caminhos que pareciam seguros se dissolvem diante de nossos olhos. E tudo isso, tantas vezes, nos leva a desistir temporariamente. Mas nada disso significa fracasso permanente. Significa apenas que estamos vivendo e viver é, essencialmente, navegar entre incertezas.
É por isso que, nessa fase do ano, é tão necessário lembrarmos de uma verdade simples, mas poderosa: o fracasso não existe para nos destruir, e sim para nos instruir e nos fortalecer. É ele que nos revela onde precisamos ajustar, fortalecer, amadurecer e até sonhar diferente.
Nesses momentos de fraqueza, é comum que o sentimento de culpa apareça. A mente nos cobra. Diz que fomos preguiçosos, incapazes, indisciplinados. Mas novamente: essa é uma narrativa enganosa. A mente humana é como um gigante com superpoderes — um gigante que, às vezes, cochila. E cabe a nós despertá-lo com perseverança, fé e foco.
O presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Dallin H. Oaks, em um de seus ensinamentos mais citados, lembra que muitas das decisões mais importantes da vida não estão entre escolher “o certo e o errado”, mas entre escolher “o importante e o essencial”. E quantas metas, ao final do ano, percebemos que talvez nem fossem essenciais? Quantas eram apenas desejos passageiros, expectativas sociais, impulsos momentâneos? Essa reflexão profunda — ensinada por um líder que dedica sua vida ao estudo, ao serviço e à retidão — nos ajuda a perceber que às vezes não falhamos; apenas colocamos energia em coisas que não eram realmente necessárias.
Outro ensinamento memorável de presidente Oaks diz:
“Desviai-vos das coisas que não importam e buscai as que mais importam.” Se fizermos isso, perceberemos que não estamos tão atrasados quanto imaginávamos. Estamos apenas realinhando a rota.
Além disso, é impossível falar de metas, recomeços e esperança sem mencionar a dimensão espiritual que permeia toda existência humana. Deus nos presenteou com dons — talentos especiais, singulares, que dão cor e sentido à nossa vida. Alguns têm o dom da música, outros do ensino, outros da liderança, das artes, do cuidado, da escrita, da ciência. Ninguém passou por esta vida desprovido de talentos. O Senhor, em Sua infinita misericórdia, distribuiu talentos a todos, e cabe a cada um descobrir quais são os seus.
Mas há algo ainda mais extraordinário: Mesmo aquilo que não é nosso dom natural pode ser aprendido, se houver esforço, paciência, constância e fé. A mente que Deus nos deu é incrivelmente maleável, poderosa e ilimitada. É capaz de se especializar em qualquer área quando guiada por determinação e disciplina. É por isso que Cristo afirmou que a fé é capaz de mover montanhas. Não metaforicamente. Mas literalmente porque a fé verdadeira muda a mente, fortalece o espírito e reconfigura nossa capacidade de agir.
E o que dizer das metas que realmente importam? As espirituais. As familiares. As morais. Essas não podem ser esquecidas. De nada adianta conquistar riqueza, prestígio ou posição se, para isso, sacrificarmos nossa integridade, nossa honestidade, nossos valores e o bem-estar das pessoas que amamos. O sucesso que não honra Deus é apenas ilusão. Portanto, meu querido leitor, se você olha para 2025 e vê lacunas, falhas, projetos inacabados, sonhos interrompidos, não se desespere. Isso não significa derrota. Significa apenas que sua história ainda está sendo escrita — e que os melhores capítulos podem estar justamente à sua frente.
Respire. Replaneje. Recomece. E, acima de tudo, acredite. Acreditar é metade do caminho. A outra metade é caminhar. E, com Deus ao lado, nenhuma meta essencial ficará para sempre fora do seu alcance.
*Jornalista e professor.
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