Política / Meio Ambiente
Governo faz apelo ao Congresso para manter vetos no licenciamento ambiental
Planato alerta para “retrocesso ambiental” e efeitos imediatos caso vetos de Lula sejam derrubados; votação está prevista para esta quinta-feira
27/11/2025
07:05
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O governo federal intensificou nesta quarta-feira (26) a articulação política para evitar que o Congresso Nacional derrube os 63 vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto de lei que flexibiliza as regras do licenciamento ambiental. A análise dos vetos foi marcada pelo presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), para esta quinta-feira (27).
Em nota oficial, o Palácio do Planalto afirmou que busca “diálogo e construção de soluções equilibradas” e alertou que a derrubada dos vetos pode gerar “efeitos imediatos e de difícil reversão”, representando um duro retrocesso ambiental, especialmente às vésperas da COP30, que será realizada em novembro no Pará.
O apelo do governo ocorre em meio a um período de desgaste nas relações com o Legislativo. Nas últimas semanas, divergências públicas entre líderes das duas Casas e membros da base governista acirraram a disputa política:
Na Câmara, o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) rompeu politicamente com o líder do PT, Lindbergh Farias (PT-RJ).
No Senado, a indicação de Jorge Messias para o STF desencadeou um impasse com Alcolumbre, que também passou a divergir do líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA).
Inicialmente, a votação estava prevista para 16 de outubro, mas foi cancelada a pedido do governo. Agora, Alcolumbre afirma que a sessão segue um calendário pactuado com as lideranças partidárias, que também devem apreciar vetos ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).
Os 63 vetos presidenciais atingem pontos considerados sensíveis por ambientalistas e pela equipe técnica do governo. Entre os trechos barrados estão:
Autodeclaração para licenciamento de empreendimentos de médio potencial poluidor, como barragens de rejeitos.
Dispositivos que enfraqueceriam o regime especial de proteção da Mata Atlântica, permitindo maior flexibilização para corte de vegetação nativa.
Artigos que restringiam a consulta a comunidades indígenas e quilombolas no reconhecimento de terras.
O Planalto afirma que os vetos foram baseados em avaliações técnicas e jurídicas, com participação de especialistas e da comunidade científica. Segundo a nota, eles garantem:
Integração e rigor no processo de licenciamento;
Segurança jurídica para empreendedores e investidores;
Agilidade com responsabilidade ambiental;
Proteção dos direitos de povos tradicionais.
A base ruralista e parlamentares ligados ao setor de infraestrutura defendem a derrubada dos vetos, afirmando que a versão original aprovada pelo Congresso poderia destravar obras estratégicas.
Davi Alcolumbre se tornou um dos principais articuladores da rejeição. Ele é um dos defensores da exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas, projeto que passou por rigoroso processo de análise no Ibama e que pode trazer benefícios econômicos diretos ao Amapá, seu estado.
Em meio à pressão parlamentar, o governo publicou em 15 de outubro um decreto que regulamenta a Licença Ambiental Especial (LAE), voltada para obras classificadas como estratégicas, mesmo aquelas capazes de causar significativa degradação ambiental. A medida foi interpretada como uma tentativa de acomodar demandas do Congresso e evitar uma derrota ampla nos vetos.
A sessão desta quinta promete ser uma das mais tensas do ano, com impacto direto sobre a política ambiental brasileira, o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação e a posição do país na COP30.
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