Artigo
Redefinição do ‘Outubro Rosa’
26/10/2025
10:00
WILSON AQUINO
WILSON AQUINO*
O ‘Outubro Rosa’ é um movimento internacional de conscientização sobre o câncer de mama, celebrado anualmente em outubro, com o objetivo de alertar sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença. É uma campanha necessária e meritória, que tem salvado inúmeras vidas e despertado a atenção de milhões de mulheres ao autocuidado. No entanto, é também um momento oportuno para refletirmos sobre algo ainda mais profundo: o valor da mulher em todos os aspectos — físicos, emocionais, sociais e espirituais — e sobre o quanto ainda falta à sociedade, especialmente ao homem e ao poder público, reconhecer e respeitar plenamente esse valor.
Talvez seja chegada a hora de transformar o ‘Outubro Rosa’ numa campanha ainda mais ampla e permanente, que promova não apenas a saúde da mulher, mas também a reeducação moral da sociedade quanto à dignidade e ao papel sagrado dela no mundo.
Ao longo da história, a mulher tem sido menosprezada, desvalorizada, subestimada, invejada, explorada e até morta. No século XXI, quando se esperava que a evolução moral acompanhasse o avanço tecnológico, o que vemos, infelizmente, é o contrário: um crescimento da violência doméstica, do feminicídio e da intolerância masculina diante da ascensão feminina. Há homens que ainda não compreenderam que a força da mulher não ameaça — ela complementa e enriquece a sociedade.
A mulher não precisa de campanhas para lembrar-se de cuidar de si. Ela cuida de todos — do lar, dos filhos, do marido, dos pais e, quando sobra tempo, dela mesma. O que falta, de fato, é o poder público cumprir o seu dever: oferecer um sistema de saúde digno, acessível e eficiente, capaz de atender não apenas às mulheres, mas a todos os cidadãos, em todas as regiões do país. O Brasil arrecada bilhões em impostos, mas oferece serviços que envergonham uma nação tão rica. É preciso vontade política, e não apenas discursos, para transformar essa realidade.
No campo social, é urgente também combater o preconceito e o machismo estrutural que insistem em pagar menos à mulher, mesmo quando ela desempenha as mesmas funções com igual — ou maior — competência. A mulher moderna é multitarefa por natureza: administra o lar, a carreira e a própria vida com uma habilidade admirável, sem perder a ternura e a sensibilidade que a tornam essencial à harmonia da família e da sociedade.
O maior desafio, porém, ainda é o homem. É ele quem precisa aprender a lidar com a independência e o brilho da mulher sem sentir-se diminuído. O amor verdadeiro não aprisiona, não submete, não domina. Respeitar é a maior forma de amar. E esse aprendizado precisa começar cedo — nas escolas, nos lares, nos exemplos. Devemos educar nossos meninos para que cresçam sabendo que uma mulher não é propriedade de ninguém, mas um ser livre, digno e merecedor do mesmo respeito que desejamos para nossas mães, irmãs e filhas.
As Escrituras Sagradas são claras quanto ao valor da mulher perante Deus. No livro de Gênesis, lemos que “Deus criou o homem à sua imagem; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27), deixando evidente que ambos foram formados com igual dignidade e propósito. O Salvador, durante Seu ministério terreno, demonstrou profundo respeito e amor pelas mulheres — curando-as, ensinando-as e confiando a uma mulher, Maria Madalena, a primeira revelação de Sua ressurreição. Isso não foi por acaso, mas por reconhecimento celestial da fé e sensibilidade espiritual que residem nelas.
O Livro de Mórmon também testifica da força e do valor das mulheres. Em Alma 56:47- 48, os jovens guerreiros de Helamã declaram que “sabiam que Deus os libertaria porque tinham aprendido isso de suas mães”, revelando que é no coração materno que nascem as maiores lições de fé, coragem e retidão. E o profeta Presidente Russell M. Nelson ensinou: “As mulheres de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias são a força moral e espiritual mais poderosa da Terra. Nenhuma outra influência se compara à de uma mulher justa.” Já o Élder Dallin H. Oaks acrescentou: “Homens e mulheres têm diferentes responsabilidades, mas são iguais em valor aos olhos de Deus. Nenhuma sociedade pode prosperar se desprezar o papel divino das mulheres.”
Esses ensinamentos reafirmam que a mulher é muito mais do que um complemento do homem — ela é um reflexo da divindade em sua forma mais pura. É mãe, filha, amiga, trabalhadora, cidadã, e, acima de tudo, filha de Deus. Seu valor não se mede em força física, mas em força moral; não em poder de domínio, mas em poder de amor.
Por isso, o verdadeiro sentido do Outubro Rosa deve ir além do rosa das fitas e campanhas. Deve alcançar o vermelho do coração, o branco da fé e o dourado do respeito. Que este mês sirva para reafirmarmos não apenas o compromisso com a saúde da mulher, mas com o reconhecimento de seu papel sagrado na sociedade e na eternidade. Porque o mundo só será verdadeiramente curado — no corpo e na alma — quando o homem aprender a amar e respeitar a mulher como o próprio Deus a criou: com igual valor, igual propósito e igual poder de edificar o bem.
*Jornalista e professor
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