Política / Economia
Lula lança Plano Brasil Soberano de R$ 30 bilhões para enfrentar tarifaço dos EUA, e Famasul pede cautela e negociação direta
Medidas incluem crédito emergencial, adiamento fiscal, compras governamentais e ampliação de mercados; setor produtivo de MS alerta para riscos de endividamento e defende diálogo com Washington
13/08/2025
16:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quarta-feira (13) a Medida Provisória que cria o Plano Brasil Soberano, um pacote de ações para amparar empresas brasileiras prejudicadas pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos nacionais. O conjunto de medidas prevê R$ 30 bilhões em crédito para exportadores, prorrogação de prazos tributários, reforço em fundos garantidores, flexibilização de exportações e compras públicas emergenciais.
O anúncio ocorreu no Palácio do Planalto, com a presença dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Lula pediu ao Congresso que vote rapidamente a MP, que entra em vigor de imediato, mas precisa de aprovação em até 120 dias para não perder validade.
“O mundo está ávido para fazer negociação com o Brasil. Não podemos nos apavorar com a crise, e sim criar novas oportunidades”, disse Lula, destacando que o governo já abriu 400 novos mercados e que não pretende retaliar os EUA no momento.
Crédito de R$ 30 bilhões financiado pelo superávit do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), com prioridade para empresas mais dependentes do mercado norte-americano.
Aportes adicionais: R$ 1,5 bi no FGCE, R$ 2 bi no FGI (BNDES) e R$ 1 bi no FGO (Banco do Brasil), com foco em pequenos e médios exportadores.
Reintegra ampliado até 2026: grandes e médias empresas passam de 0,1% para até 3,1% de alíquota de devolução tributária; micro e pequenas, de 3% para até 6%.
Prorrogação do drawback por um ano, permitindo exportação a outros destinos sem multas ou juros.
Adiamento fiscal de dois meses na cobrança de impostos federais para empresas mais afetadas.
Compras governamentais de produtos atingidos pelas tarifas, especialmente alimentos perecíveis, para programas como merenda escolar e hospitais.
Câmara Nacional de Acompanhamento do Emprego para monitorar manutenção de postos de trabalho nas empresas beneficiadas.
A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), presidida por Marcelo Bertoni, afirmou que recebe o pacote com cautela e que ainda é preciso avaliar o custo real do crédito.
“Não está claro o valor dos juros e é fundamental mapear quais mercados podem absorver nossa produção, para evitar desequilíbrio entre oferta e demanda”, afirmou Bertoni.
O dirigente ressaltou que a mudança de mercados de exportação é um processo complexo, citando como exemplo o acordo comercial do Mercosul, que levou 25 anos para avançar. Ele também alertou para os riscos de endividamento:
“Precisamos estar atentos para não contrair dívidas apenas sob a justificativa de preservar empregos e vendas. A melhor alternativa é uma negociação direta com o governo dos EUA, sem abrir mão da nossa soberania.”
A sobretaxa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump atinge 35,9% das mercadorias enviadas pelo Brasil aos EUA, equivalentes a 4% do total das exportações brasileiras. A decisão foi anunciada em 6 de agosto como retaliação a medidas brasileiras que, segundo Washington, prejudicariam empresas de tecnologia norte-americanas, e em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe.
Lula afirmou que não aplicará a lei de reciprocidade neste momento e busca ampliar parcerias comerciais com países como China e Índia, além de negociar no âmbito do Brics.
O tarifaço afeta setores estratégicos do agronegócio sul-mato-grossense, incluindo carnes e pescado. Durante missão comercial à Ásia, o governador Eduardo Riedel identificou Singapura como potencial novo mercado para a tilápia produzida no Estado, o que pode aliviar perdas causadas pela barreira norte-americana.
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