Política / Justiça
Ex-comandante da Aeronáutica confirma ao STF que prisão de Moraes foi cogitada em reuniões com Bolsonaro
Carlos Baptista Júnior relata 'brainstorm' golpista em 2022 e afirma que resistência ao plano veio apenas do Exército e da Aeronáutica
21/05/2025
23:56
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a prisão do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi cogitada no fim de 2022 como parte de uma estratégia para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e manter Jair Bolsonaro (PL) no poder.
A declaração foi feita nesta quarta-feira (21), durante depoimento como testemunha na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado. Segundo Baptista Júnior, a proposta surgiu em uma reunião com Bolsonaro e outros membros do alto comando das Forças Armadas.
“Houve essa cogitação de prender o ministro Alexandre de Moraes. Isso estava no brainstorm das reuniões. Lembro da frase: ‘Amanhã o STF vai soltar um habeas corpus, e vamos fazer o quê? Prender todo mundo?’", relatou Baptista Júnior, ao ser questionado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.
No depoimento, o ex-chefe da Aeronáutica reafirmou que o então comandante do Exército, general Freire Gomes, chegou a dizer a Bolsonaro que o prenderia caso insistisse em dar prosseguimento aos planos golpistas. Segundo Baptista Júnior, não houve divergência entre seu relato e o prestado por Freire Gomes ao STF na segunda-feira (19).
Enquanto isso, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, teria adotado uma postura de passividade e adesão silenciosa às propostas de ruptura institucional.
“Ele não se colocava contra, como nós [Aeronáutica e Exército] nos colocamos. Não reagia às sugestões golpistas com a mesma veemência”, afirmou Baptista Júnior sobre o almirante Garnier.
As reuniões que aconteceram no Palácio da Alvorada, após o segundo turno das eleições, incluíam discussões sobre Garantia da Lei e da Ordem (GLO), prisão de ministros do STF e decretação de Estado de Sítio ou Defesa, segundo revelou o próprio ex-comandante da FAB. O cenário de "convulsão social" foi citado como pretexto para essas ações.
Ainda segundo o relato de Baptista Júnior, os encontros eram informais, sem registro oficial, e contavam com a participação de Bolsonaro, ministros, chefes militares e alguns auxiliares diretos, como Anderson Torres, então ministro da Justiça.
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