A eleição da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), marcada para o próximo domingo (26), será marcada pela ausência simbólica de 20 clubes das Séries A e B, que anunciaram que não participarão presencialmente do pleito, mesmo com a possibilidade de voto remoto. A decisão foi comunicada em nota oficial com o lema “Sem clube não tem futebol”, e representa um ato de protesto contra o processo eleitoral vigente da entidade máxima do futebol nacional.

Os clubes que se abstiverão da votação apoiaram a candidatura de Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), que não conseguiu viabilizar uma chapa por não reunir o mínimo necessário de oito federações. Com isso, a chapa única encabeçada por Samir Xaud, da Federação Roraimense de Futebol, segue como favorita e deve ser eleita com o apoio de 25 das 27 federações estaduais.

Clubes ausentes da eleição:

América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Botafogo-SP, Chapecoense, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Cuiabá, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Mirassol, Novorizontino, Santos, São Paulo e Sport.

Outros 10 clubes que também apoiaram Reinaldo Bastos optaram por não assinar a nota de ausência, como Atlético-MG, Bahia, Avaí, Ceará, CRB, Red Bull Bragantino, Ferroviária, Vitória, Vila Nova e Operário-PR.

🗳️ Eleição sob críticas

Na nota conjunta, os clubes criticam a falta de democracia, transparência e representatividade no modelo eleitoral da CBF:

“O futuro do futebol brasileiro precisa ser pautado pela democracia, transparência e representatividade. Não compareceremos à votação por discordarmos do processo vigente. Estaremos prontos para conversar com a nova gestão para debater como mudar o processo eleitoral e outras demandas dos clubes em prol de um futebol cada vez melhor.”

A votação será realizada às 10h30, na sede da CBF, no Rio de Janeiro, com participação remota autorizada devido à rodada do Brasileirão no mesmo dia.

Reivindicações dos clubes à nova gestão da CBF:

• Reforma no peso dos votos no processo eleitoral;

• Participação obrigatória dos clubes nas Assembleias Gerais;

• Compromisso com a criação de uma liga independente;

• Reconhecimento de que as propriedades comerciais das Séries A e B pertencem aos clubes;

• Mudança nas regras de governança e fortalecimento da Comissão Nacional de Clubes;

• Profissionalização da arbitragem com dedicação exclusiva e treinamentos permanentes;

• Inclusão dos clubes na aprovação do calendário 2026-2030;

• Apoio financeiro às Séries B, C, D e ao futebol feminino;

• Estabelecimento de regras de Fair Play Financeiro.

Bastidores judiciais e desistência de Ednaldo Rodrigues

O ex-presidente da CBF Ednaldo Rodrigues havia tentado judicialmente suspender a eleição, mas retirou o pedido no STF esta semana, afirmando que desejava “pacificar o futebol brasileiro”. A desistência ocorreu após perícias indicarem possível falsificação da assinatura do coronel Nunes, no acordo que o manteve no cargo.

A candidatura de Samir Xaud segue única e incontestada. Caso seja eleito, terá o desafio de unir os clubes e as federações, reformular a gestão da CBF e responder às pressões por uma nova liga nacional.