AMPLA VISÃO
2025: o país ainda carente de lideranças
Entre a escassez de líderes e o jogo político de 2026, um panorama crítico das articulações, desafios e incertezas que moldam o presente e o futuro do Brasil e de Mato Grosso do Sul.
03/04/2025
20:30
MANOEL AFONSO
LIDERANÇA-1 – Direto ao ponto; atualmente temos que admitir a falta de líderes nas comunidades, nos segmentos ligados à administração pública ou à política partidária. Convenhamos, a tão sonhada liderança pode ser comparada à beleza: até difícil de se definir, mas muito fácil de reconhecer ao depararmos com ela.
LIDERANÇA-2 – Bastaria ao leitor olhar ao seu redor, no seu ambiente do dia a dia, para se deparar com o deserto de protagonistas diferenciados. Não se pode confundi-los com aventureiros, invasores deste vácuo de carência, que se apresentam como solução para todos os males. Ora! Eleição não é programa de calouros.
PERIGO – Exemplos de Campo Grande, de Dourados e de outros rincões mostraram que seus ‘aventureiros de estimação’, no lugar de resolver os desafios acabaram por agravá-los. Em outra dimensão, o ex-presidente Collor de Mello ficou conhecido pelo cognome de ‘Salvador da Pátria’ – por motivos óbvios, de memória nacional.
REQUISITOS – Dwight Eisenhower defendia que "a qualidade suprema da liderança é a integridade". Ignácio Granados entende que "a coerência na política é fundamental para edificar a imagem e a reputação do candidato". Para ele, "ser exemplar é ter um comportamento capaz de suscitar admiração e de querer ser imitado".
SAARA – Num país populoso, de dimensão continental, não temos meia dúzia de líderes que possam ser vistos como timoneiros de nossos sonhos. Não vale citar Datena, Pablo Marçal, Gusttavo Lima e nem culpar o Regime Militar. Os motivos são outros. Somos os culpados. Afinal, liderança é a capacidade de transformar a visão em realidade.
COMPROMISSO – Em comparação com outros povos, economicamente inferiores, como é o Vietnã, por exemplo, conclui-se que o brasileiro olha apenas para o próprio umbigo. Desdenha seu país, não pensa no coletivo. A “Lei de Gerson” – a opção pela vantagem – representa nossa postura e caráter. Isso afeta a credibilidade no campo das lideranças.
POLÍTICA – Eleitores votam em líderes, não em partidos. Você constata isso das eleições municipais às eleições nacionais. Os partidos engessados funcionam como as capitanias hereditárias. Prova disso que sinto no ar o cheiro de desconfiança quanto aos anunciados “casamentos partidários”. Será que muda o quê?
EXEMPLO – Indaguei do deputado João Catan qual sua visão quanto ao caminho do PL (fusão-federação) em 2026. Não disfarçou, ao admitir que a tendência seria de caminhar com as próprias pernas, pois a sigla sabe de seu tamanho. Reiterou que o PL só aceitará a proposta que reconheça e valorize sua estatura. Portanto, sem ilusões.
CONCORRÊNCIA – Pré-candidatos com potencial para a Assembleia Legislativa: os ex-prefeitos Odilon (Aquidauana), Guerreiro (Três Lagoas), Hélio Peluffo (Ponta Porã), Alan Guedes (Dourados), Alcides Bernal e Puccinelli (Capital), Jerson Domingos, os vereadores da Capital Marcos Trad, Luiza Ribeiro e Rafael Tavares.
CÁLCULO – Hoje, apenas Mara Caseiro e Jamilson Name disputariam a Câmara Federal, enquanto Márcio Fernandes e Paulo Corrêa concorreriam à indicação ao TCE-MS no lugar de Jerson Domingos, que completará 75 anos em 14 de novembro próximo. Os demais (20) tentariam a reeleição numa disputa acirrada. Haja votos – haja money!
FATOS NOVOS – Pelo retrovisor vemos as lições no MS. Azarões ganharam, favoritos perderam, como no futebol. É preciso frisar que as decisões influentes ocorrerão só 6 meses (abril) antes do pleito, quando vence o prazo para a concretização das fusões e federações partidárias. Até lá teremos conchavos, rasteiras e traições – é claro.
FATOR GERSON – Tudo é possível. Estão em curso as articulações do deputado Gerson Claro (PP) junto à senadora Tereza Cristina (PP) para viabilizar seu nome para disputar uma das duas vagas ao Senado. Gerson quer fortalecer o PP na composição do futuro Senado a ser eleito em 2026. Costura o apoio do governador Riedel, de Azambuja e de seus colegas deputados.
COMPLICAÇÕES – Não há inocentes na política. Ainda há de se levar em conta a vice-prefeita Gianni Nogueira (PL) de Dourados – mulher do deputado Rodolfo Nogueira – sempre lembrada por Bolsonaro como valorosa companheira e tida como forte concorrente à vaga ao Senado. Ela tem forte representação bolsonarista. Uma carta na manga?
CALMA – O senador Nelsinho Trad (PSD) vem se notabilizando por suas ações e confia na força de seu partido em termos nacionais. Sob o comando de Gilberto Kassab, o PSD elegeu 45 deputados federais e conta com 15 senadores (maior bancada). O senador vem também se alinhando com o governador Riedel e o ex-governador Reinaldo Azambuja.
NUVENS – Não é fácil decifrar os desejos e projetos de Bolsonaro. Para cada entrevista, uma conclusão nebulosa que planta dúvidas entre companheiros do PL, PP e de aliados de outras siglas. É notório que ele vive um drama existencial imensurável, mas o problema é que avoca todas as decisões partidárias no Brasil inteiro. Aí fica difícil.
MEMÓRIA – Na chamada “jurisprudência” das decisões das urnas há um vasto repertório de resultados tidos como traiçoeiros. Mas vou citar apenas um: em 2002, Pedro Pedrossian com seu currículo invejável era tido como imbatível para o Senado, mas ficou em 3º lugar – atrás de Ramez Tebet e Delcídio do Amaral. Portanto...
QUESTÕES – O cenário continuará o mesmo das eleições de 2024? As mudanças das regras eleitorais vão efetivamente pesar no conjunto das forças? O quadro nacional será fator decisivo no resultado do pleito estadual ou o eleitor conseguirá fazer a separação? Até as eleições haverá a reconciliação nacional ou o país estará ainda mais dividido?
CAFÉ AMARGO – Nas 415 páginas da sentença que começou a decidir o caso do “Coffee Break”, envolvendo um punhado de notáveis, há margem para recursos e novos capítulos. Ninguém irá para a cadeia e o ex-prefeito Alcides Bernal não terá o cargo de volta. O dinheiro que poderá receber um dia não compensará o “estresse” sofrido desde 2014. Não terá valido a pena.
POLÍTICA – Longe de discutir o mérito destes tormentosos episódios vividos pelo então prefeito, deve-se aproveitar o fato para uma serena reflexão sobre a política. O sonho de poder, de servir à população, mesmo na mais pura das intenções, nem sempre encontra eco. Os personagens mudam, são outros, mas o enredo é o mesmo. Eis a lição.
VITÓRIA DE PIRRO – A oposição desunida vencerá a fadiga do Lulismo? Para 7 em cada 10 eleitores (71%) Lula fura as promessas de campanha. Para 53%, Lula 3 é pior do que Lula 1 e 2. Para 43%, é pior que Bolsonaro. Nada adiantaram a isenção do Imposto de Renda; suas viagens e o empréstimo consignado com carteira assinada. Mas, e daí? Lula venceria no 2º turno.
A vida se tornou imensuravelmente melhor desde que fui forçado a parar de levá-la tão a sério.
(Hunter Thompson)
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