A Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) se tornou a primeira instituição a realizar uma doação ao recém-criado Fundo Clima Pantanal, com a entrega simbólica de R$ 100 mil durante a cerimônia de assinatura do Pacto Pantanal, realizada nesta quinta-feira (27), em Campo Grande. O evento representa um marco na construção de políticas sustentáveis para o bioma, valorizando a atuação dos produtores rurais e promovendo melhorias sociais e ambientais.

“Sempre defendi que houvesse um reconhecimento pelo trabalho dos produtores rurais do Pantanal. Não é justo que essa conta fique apenas com eles”, declarou Marcelo Bertoni, presidente da Famasul.

Investimentos estruturantes no Pantanal

Além da doação, a Famasul anunciou a criação de uma escola com foco em capacitação, prevenção de incêndios e ensino técnico, que será construída em uma área de 246 hectares doada para a iniciativa. O espaço contará com:

• Base para combate a incêndios florestais

• Pista de aviação para emergências ambientais

• Infraestrutura para educação rural e conectividade com antenas do Senar On

A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) também anunciou a destinação de R$ 100 milhões à Embrapa para fomentar pesquisas voltadas à sustentabilidade e inovação no Pantanal.

“É um exemplo enorme do que a sociedade civil pode fazer pelo Pantanal”, destacou o governador Eduardo Riedel, ao elogiar a contribuição da Famasul.

Fundo Clima Pantanal e PSA

O Fundo Clima Pantanal receberá R$ 40 milhões anuais do Governo de MS, com foco no incentivo à preservação ambiental, práticas produtivas sustentáveis e valorização das comunidades locais.

Entre os programas previstos, destacam-se os Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA):

• PSA Conservação e Biodiversidade: remunera propriedades com vegetação nativa além do exigido por lei

• PSA Brigadas: financia ações de prevenção e combate a incêndios em parceria com produtores, ribeirinhos, indígenas e o Corpo de Bombeiros

O Pantanal: bioma preservado e produtivo

O Pantanal é o lar de mais de 1.200 espécies de animais e possui cerca de 85% de sua vegetação nativa preservada. A pecuária extensiva de corte, com mais de 4,1 milhões de bovinos, é praticada há séculos de forma sustentável, coexistindo com a biodiversidade local.

Segundo Gilson de Barros, ex-presidente do Sindicato Rural de Corumbá, a iniciativa é histórica:

“Há 300 anos produzimos e preservamos, mas nunca houve reconhecimento. O Pantanal é nossa casa e temos orgulho de cuidar dele.”

Novo ciclo para o Pantanal

O governador Eduardo Riedel destacou que o Pacto Pantanal representa uma virada de chave na forma como o estado enxerga e trata o bioma:

“O pantaneiro agora será protagonista. Vamos integrar saúde, educação, segurança e infraestrutura numa estratégia unificada de desenvolvimento sustentável”, afirmou.

A assinatura do pacto inaugura um novo ciclo de investimentos, políticas públicas e valorização das comunidades tradicionais, com equilíbrio entre produção e conservação ambiental.