AGRONEGÓCIO
Safra atrasada de pequi aquece mercado e eleva preço em Campo Grande
Frutos maiores e de alta qualidade impulsionam demanda, beneficiando produtores locais e mantendo tradição culinária e nutricional
19/01/2025
16:45
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A safra de pequi deste ano, marcada por um atraso no amadurecimento dos frutos, trouxe uma importante movimentação econômica para produtores e vendedores em Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande, o mercado da fruta típica do Cerrado está aquecido, com frutos maiores, mais carnudos e de alta qualidade, refletindo diretamente na demanda e no preço.
Produtor destaca vantagens do atraso
Hélio Bordão Silva, produtor rural e vendedor, é um dos muitos que têm se beneficiado da safra. Ele destaca que o atraso, embora incomum, trouxe vantagens inesperadas. "Normalmente, o pequi amadurece entre novembro e dezembro, mas este ano atrasou e acabou vindo em um momento excelente para as vendas. Os frutos estão muito bonitos e grandes, o que está chamando a atenção dos clientes", explica Hélio.
Segundo Hélio, o contraste com a safra anterior é evidente. "No ano passado, tivemos uma produção muito baixa. Os poucos frutos que apareceram foram consumidos por animais, como as araras, e a qualidade não estava tão boa. Este ano, foi o contrário: o pequi ficou mais tempo no pé, amadureceu melhor e está mais carnudo."
Alta demanda e aumento nos preços
O bom desempenho da safra se reflete nos números. O preço do pacote de pequi, que no ano passado custava R$ 10, subiu para valores entre R$ 20 e R$ 25. Apesar do aumento, Hélio afirma que a procura não diminuiu. "Mesmo com o preço mais alto, as vendas estão excelentes. A demanda está muito alta, tanto que tive que buscar frutos em propriedades vizinhas para dar conta", relata.
Além do cultivo, Hélio explica os cuidados necessários para garantir a qualidade da fruta até o momento da venda. "O transporte é feito em caixas abertas para evitar que o pequi abafe e apodreça. Depois, o cuidado maior é na hora de descascar e congelar, porque qualquer erro pode prejudicar a qualidade da polpa. Bem armazenado, ele dura o ano todo no congelador."
Trabalho em equipe e impacto econômico
O pequi não é apenas uma iguaria apreciada na culinária sul-mato-grossense, mas também representa uma importante fonte de renda para muitas famílias. Hélio menciona que diversas pessoas aproveitam a safra para complementar seus ganhos. "Este ano, conheci grupos que se organizaram para colher, descascar e vender o pequi. Enquanto uns cuidam da colheita, outros descascam ou vendem em pontos estratégicos da cidade. É um trabalho em equipe que garante renda para várias famílias", ressalta.
Benefícios nutricionais e valor cultural
A nutricionista Mariana Oliveira destaca que o pequi é um alimento altamente nutritivo e funcional. "O pequi é muito mais do que um ingrediente da culinária regional, ele é um verdadeiro tesouro nutricional. Esse fruto é rico em vitamina A, que protege a visão e fortalece a pele, além de conter antioxidantes que combatem o envelhecimento e aumentam a imunidade", detalha Mariana.
Ela ainda explica que o pequi possui gorduras saudáveis que beneficiam o coração e propriedades anti-inflamatórias, auxiliando no alívio de dores articulares e musculares. "É um alimento poderoso que une saúde e tradição", conclui a nutricionista.
Tradição e memória afetiva
Consumidores como Ana Clara Souza fazem questão de incluir o pequi no cardápio durante todo o ano. "Assim que começa a safra, eu compro logo uma boa quantidade para congelar. O sabor do pequi é único, não tem como substituir. É tradição aqui em casa, e a gente paga o preço porque sabe que vale a pena", conta Ana Clara.
Ela também percebeu a diferença na qualidade deste ano. "Os frutos estão maiores e com mais polpa. Além disso, estão mais fáceis de encontrar. Eu amo fazer arroz com pequi, e esse sabor traz memórias da minha infância. É mais do que comida, é uma ligação com a nossa cultura", acrescenta.
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