AMPLA VISÃO
Partilha do poder: o 2º ato das eleições
11/08/2022
19:00
MANOEL AFONSO
CARIMBADAS: Na relação de candidatos à Câmara Federal e Assembleia Legislativa há mais de uma dezena deles sem mandato. São figuras conhecidas de outras eleições e que de novo apostam no sucesso. Como a lei eleitoral exige tratamento igual aos candidatos, não citaremos os nomes deles e nem comentaremos sobre outros postulantes até as eleições.
DETALHES: A legislação eleitoral – no caso de transgressão das suas normas isenta os candidatos, mas prevê multas pesadas aos órgãos de imprensa: sites, rádios, televisões, jornais, etc. Assim, o conteúdo da coluna terá novos critérios na abordagem das eleições, omitindo os nomes dos candidatos para não caracterizar tratamento promocional privilegiado.
INELEGÍVEIS? Continua em clima de suspense a novela no STF que discute o teor da nova Lei de Inelegibilidade que pode beneficiar políticos já condenados pela lei velha. Casos dos ex-governadores Garotinho e José Roberto Arruda (União Brasil) e do deputado Arthur Lira (PP-AL). Como tudo é possível, inclusive o impossível, não se pode duvidar de nada da justiça neste país.
A DISPUTA: Os cálculos apontam que o quociente eleitoral para deputado estadual não deva ser inferior a 55 mil votos. Para eleger o 1º candidato, o partido deve ter esse número de votos, podendo baixar caso a abstenção seja muito grande. Para a Câmara Federal o quociente deverá ficar entre 140 e 150 mil votos. Mas o cálculo das ‘sobras’ pode favorecer mais gente.
A PARTILHA: Tal qual na peça teatral, onde as herdeiras discutem no velório o critério da divisão dos bens deixados pela mãe, na política esse fato é previsível, natural. Quem de alguma forma concorre com a vitória do candidato reivindica seu espaço/prêmio na futura administração. Evidente, as fatias do ‘bolo’ são proporcionais a estatura do apoiador.
NO SAGUÃO: Observadores que voltaram a dar plantão na Assembleia Legislativa já falam dos acertos e apoios para o 2º turno. Contaria menos a afinidade partidária e mais o conteúdo do pacote de compensações oferecidas. Além de bons cargos na futura administração, estariam incluídas vagas no Tribunal de Contas e os cargos de presidente e secretário da Assembleia Legislativa.
E MAIS... Embora muita água deve passar debaixo da ponte até as próximas eleições municipais, a prefeitura de Campo Grande deverá tratada como uma joia diferenciada nestas futuras negociações de 2º turno. Mas como dizia Tancredo Neves: “Se é segredo não deve ser revelado – tal qual a promessa - que existe para não ser cumprida”.
INGRATIDÃO: Ao longo da formação dos governos sempre houve reclamações de personagens devido ao critério da escolha para os cargos de peso. A Secretaria ou o Ministério da Cultura por exemplo, não tem o mesmo poder de fogo da Secretaria ou o Ministério da Fazenda. Os ‘prêmios de consolo’ acabam indo para o pessoal do baixo clero.
JEITOSO: Sarney arranjou espaço no seu Ministério para todos partidos e lideranças escolhidos por Tancredo Neves. Assim ratificou os nomes de olho na governabilidade. Mas se o ‘combinado não é caro’, é natural que também no Mato Grosso do Sul ocorra tratativas sobre alianças com as ‘bênçãos’ de São Francisco de Assis.
ATUALÍSSIMA: Analisando o perfil de candidatos ao Senado e Câmara Federal recordo a opinião irônica e sabia de Ulysses Guimarães a um repórter sobre o fraco nível (na época) da representação: “Você só diz que esse Congresso é ruim porque não viu o próximo”. O temor é que isso possa a ocorrer também nas Assembleias Legislativas.
APATIA: Se 64% dos eleitores não lembram o nome do candidato a deputado federal e ao Senado em que votaram em 2018, não é de esperar milagres agora. Se a propaganda é insuficiente com seus segundos para se conhecer os candidatos, o eleitor colabora com o quadro desolador ao votar em qualquer um deles, por amizade e outros interesses.
A SALVAÇÃO: Como visitar 853 cidades numa campanha eleitoral? É o desafio dos candidatos em Minas Gerais que optam pela capital e cidades maiores como Uberlândia, Contagem, Juiz de Fora e Uberaba. Graças a tecnologia das comunicações acabou a época das caravanas de políticos que percorriam o interior fazendo comícios nas praças.
A DIFERENÇA: Se Minas Gerais tem área de 586 mil km², temos 357 mil km² com 79 cidades - 774 cidades a menos que os mineiros. Pela distância entre elas e características regionais, é tradição que os candidatos visitem todas elas fazendo reuniões. Aliás, essa pratica eleitoral ainda resiste nos Estados com baixa densidade populacional como o nosso.
EMBRAPA: É alvo de acirrado debate devido ao projeto do Governo de vincular suas atividades às demandas do setor privado. A nossa Embrapa Gado de Corte, criada em 1978, referência em pesquisas, tem relações com instituições do Japão, Austrália, Europa e U.S.A. O projeto de privatização ganha espaço nestas eleições e pode gerar desgastes aos políticos defensores da ideia.
FOLCLORE: Durante um jantar em Lisboa (1985) o chanceler Azeredo da Silveira perguntou ao senador Fernando Henrique Cardoso se ele realmente iria disputar a prefeitura de São Paulo. Com aquele sorriso simpático FHC respondeu: “Você acha que eu entraria numa fria ao disputar contra Jânio Quadros”? Dito e feito – entrou e dançou.
MEMÓRIA: Conta um amigo o episódio que retrata o tratamento para quem está no poder e fora dele. Quando governador, a casa de Pedrossian ficava cheia no seu aniversário. Mas no seu primeiro ‘nat’ após deixar o cargo, meu amigo foi cumprimentá-lo na sua fazenda em Miranda. Para sua surpresa – além dos familiares – ele fora o único a ter esse gesto nobre.
‘FATOS & BOATOS: Estão sempre presentes em todas campanhas eleitorais. Seus estragos e benefícios dependem de vários fatores. Se você assistir ao noticiário ou se ligar nas mídias sociais, acabará ‘balançando’ devido ao conteúdo mostrado com a imagens sonorizadas inclusive. Como se diz: campanha eleitoral não é mesmo para amadores.
MUITO BOA: O Brasil ganhou da Itália em 1994 e chegou ao tetra. Alckmin e Montoro Filho estavam dias depois com Giogio Mottura, presidente da Federação das Industrias da Itália. Para agradar, Mottura disse que “os italianos são craques em 2 esportes favoritos: futebol e sonegação fiscal. ” De pronto, Montoro observou: “e são vice em ambos”!
PONTO FINAL: Não é que o crime não compensa. É que, quando compensa, muda de nome. (Millôr)
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