POLÍTICA
Câmara aprova em 2º turno 'PEC Kamikaze' por 469 votos a 17
No segundo turno, foram 469 votos a favor, 17 contrários e 2 abstenções.
13/07/2022
18:55
NAOM
© Elaine Menke/Câmara dos Deputados
A Câmara aprovou na noite desta quarta-feira, 13, em segundo turno, a Proposta de Emenda à Constituição que decreta estado de emergência no País para respaldar a concessão e ampliação, pelo governo de Jair Bolsonaro, de uma série de benefícios sociais às vésperas da eleição. Para concluir a votação da chamada PEC Kamikaze, ainda falta a análise de dois destaques. Só depois, poderá ir à promulgação do Congresso. No segundo turno, foram 469 votos a favor, 17 contrários e 2 abstenções. Para garantir o quórum de deputados da base governista e impedir a oposição de emplacar mudanças no texto, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), fez uma manobra e permitiu que os parlamentares votassem de forma virtual, por meio de um aplicativo.
Articulada pelo Palácio do Planalto com a base governista no Congresso, a PEC aumenta o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 por mês e concede uma "bolsa caminhoneiro" de R$ 1 mil mensais. O custo das medidas é de R$ 41,25 bilhões fora do teto de gastos - a regra que limita o crescimento das despesas do governo à inflação do ano anterior.
Durante a análise em primeiro turno dos destaques, que são sugestões de mudanças ao texto principal, a oposição tentou tornar o Auxílio Brasil de R$ 600 permanente e derrubar o estado de emergência - dispositivo incluído na PEC para blindar o presidente Jair Bolsonaro (PL) de possíveis punições da Lei Eleitoral, que proíbe a criação de benesses às vésperas da eleição, exceto em casos de calamidade pública e emergência nacional.
Nesta terça-feira, 12, a PEC foi aprovada em primeiro turno com 393 votos a favor e 14 contrários. O dia, contudo, foi marcado por uma "força-tarefa" do governo para mobilizar a base diante do risco de falta de quórum. Lira alegou problemas na conexão de internet e suspendeu a sessão, que foi retomada hoje. A oposição, porém, defendeu o cancelamento daquela sessão. Lira, então, acatou o pedido e convocou nova sessão, de forma virtual. No entanto, o presidente da Câmara manteve o resultado da votação de ontem.
Diante dos problemas tecnológicos na Câmara ontem, os governistas passaram a temer que o quórum de deputados no plenário diminuísse e a oposição, assim, conseguisse derrubar na análise dos destaques o estado de emergência. O mesmo temor havia ocorrido na última quinta-feira, 7, na primeira vez que Lira levou a PEC ao plenário.
Com a manobra para que os deputados marcassem presença no plenário e votassem de forma virtual hoje, o governo teve mais segurança para impedir a ofensiva da oposição. Antes, os deputados precisavam marcar presença direto no plenário, mas muitos já viajaram para suas bases eleitorais.
O artifício de Lira foi criticado pela oposição. "O presidente da Câmara é hoje um caminhão sem freio descendo uma ladeira, impondo os seus caprichos sobre todas as regras constitucionais, legais e regimentais. Um caminhão sem freio descendo uma ladeira atropela quem passa na frente, mas uma hora bate no muro e se arrebenta", escreveu no Twitter o deputado Marcelo Ramos (PSD-AM), ex-vice-presidente da Casa.
Ontem, a Polícia Federal (PF) chegou a ir à Câmara para investigar o problema técnico nos servidores de internet. "Foi instaurado procedimento preliminar de apuração na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal e as diligências continuam a fim de esclarecer prontamente o ocorrido", disse Lira hoje.
O líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), chegou a falar em "fraude" e "ataque à democracia", mas Lira negou que a votação no painel do plenário tenha sido fraudada. "Foram interrompidos simultaneamente os dois links de Internet, fornecidos por empresas distintas. Trata-se de uma ocorrência grave e sem precedentes. Para assegurar que todos os deputados exerçam seu legítimo direito de voto, foi suspensa a sessão e determinada a investigação imediata das causas e responsabilidades da pane do sistema", afirmou o presidente da Câmara em nota.
Além do aumento do Auxílio Brasil a R$ 600 e da concessão da "bolsa caminhoneiro" de R$ 1 mil mensais, a PEC prevê auxílio gasolina a taxistas de R$ 200 mensais, a ampliação do vale-gás a famílias de baixa renda e recursos para o programa Alimenta Brasil e para subsidiar a gratuidade a idosos nos transportes públicos urbanos e metropolitanos. Todas as medidas valem somente até o fim deste ano.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Confira seu astral para este sábado, 19
Leia Mais
Tempestade atinge 65 cidades de MS com alerta de perigo neste sábado
Leia Mais
Senador Nelsinho Trad prestigia encenação da Paixão de Cristo em Aquidauana e destaca força da fé e das raízes familiares
Leia Mais
UFMS abre concurso público com 48 vagas para técnico-administrativo e salários de até R$ 4 mil
Municípios