Campo Grande (MS), Quinta-feira, 25 de Abril de 2024

Homem que furtou corpo disse que tinha pacto de amor eterno com vítima

15/02/2019

10:36

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José Gomes Rodrigues abriu uma cova rasa perto da entrada da casa dele, em chácara de Campo Grande.

Rosilei e José, que durante 20 anos tiveram relação conturbada ©Reprodução/Foto: Gazeta Aquidauana 
Sob uma árvore, na chácara onde mora em Campo Grande, José Gomes Rodrigues abriu uma cova rasa perto da entrada da casa, forrou o buraco com tapete e cercou de travesseiros o corpo da mulher que perseguiu durante a vida. Queria que ela ficasse sob a janela do quarto dele, mas não deu certo. Rosilei Poltronielli foi sepultada pela segunda vez com vestido escolhido por José, depois de ter o corpo furtado pelo homem com o qual conviveu por mais de 20 anos.

A versão romantizada da história surreal, com episódios de violência em vida e morte, foi contada pelo primo dele, que ajudou a polícia a desvendar o mistério iniciado com a violação do caixão na última terça-feira, em Dois Irmãos do Buriti.
Edson, o primo que participou do plano, foi preso, mas depois ouvido e liberado.
Edson Maciel Gomes prestou depoimento e foi liberado. José diz ser tenente-coronel aposentado da Polícia Militar, mas ainda não foi encontrado. Por isso, só o primo acompanhou a polícia até a chácara na tarde de ontem e ali revelou a localização do corpo, para alívio da família e fim de uma tragédia que começou com facadas em um bar, no sábado passado.

Ele participou da elaboração e execução do plano de “resgatar” a amada do cemitério, para cumprir "pacto de amor eterno", conforme relato de José. “Segundo o primo, ele alegou que os dois tinham feito um pacto. Que quem morresse primeiro, buscaria o outro para ficar junto para sempre. Depois do furto, ficou o tempo todo conversando com o corpo dela”, diz a delegada Nelly Macedo, de Dois Irmãos do Buriti.
Vala aberta pelo tenente-coronel em chácara onde vive com a família.
Rosilei foi esfaqueada em bar de Terenos no dia 9 de fevereiro, depois de discussão com o trabalhador rural Adailton Couto. O autor foi preso e ela morreu no hospital, no domingo, em Campo Grande. Os últimos episódios de vida e sepultamento, revelam uma mulher morta várias vezes pelos homens.
©REPRODUÇÃO
José estava preso naqueles dias, por ameaçar a ex-namorada como já era rotina na relação do casal. Saiu da cadeia horas depois do 1º enterro e não teve dúvidas: bebeu com primo em Terenos e ali, na mesa de bar, os dois decidiram furtar o corpo.

Viajaram até Dois Irmãos do Buriti, e na madrugada de terça-feira, por volta de 2h, com um carrinho de mão do próprio cemitério e algumas cordas, os dois retiraram Rosilei do tumulo, 17 horas após o primeiro sepultamento.

Ainda embriagados, seguiram até a chácara de José, na região do Aeroporto Santa Maria, na Capital. O homem chegou a confessar o que havia feito às duas filhas que moram com ele na propriedade. “Mas elas se negaram a participar. Parece que todo mundo tem muito medo dele”, comenta a delegada.

Coube ao primo ajudar na preparação do novo sepultamento, com cuidados para que ninguém percebesse a cova no lugar. “José queria que ela fosse enterrada pertinho da janela dele, para ficarem juntos, mas não deu certo. Eles então fizeram o buraco sob a árvore", diz a delegada. "Depois cobriram de uma forma que não dava para ver de cara”, relata o delegado Márcio Obara, da Delegacia de Homicídios de Campo Grande, que apoiou as investigações.

O caso começou a ser desvendado graças as imagens de segurança que revelaram a entrada do carro no cemitério. Depois, Edson resolveu se entregar porque estava recebendo ameaças.

Até agora a delegada só conversou com José por telefone, e ele ainda tentou convencer a polícia a desistir das buscas. Mas ele mesmo acabou se entregando. “Em uma das conversas ele disse: 'retalharam o corpo do meu amor’. Ai eu questionei como ele sabia, se nem havia ido ao enterro porque estava preso”, conta Nelly Macedo.

A versão de amor incondicional de José também cai por terra diante de vários boletins de ocorrência, inclusive de estupro, registrados por Rosilei contra o ex-namorado nos últimos anos. O homem é descrito pela família como alguém obcecado.

Hoje, 36 horas depois do furto, a polícia ainda aguarda autorização da Justiça para dar à vítima o 3º sepultamento, processo necessário já que a 1ª vala foi violada.


Fonte: campograndenews
Por: Ângela Kempfer e Miriam Machado

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