Campo Grande (MS), Segunda-feira, 01 de Dezembro de 2025

Saúde / Comportamento

“Dezembrite”: psicanalista explica por que dezembro pesa emocionalmente e como enfrentar o fim do ano

Ansiedade, frustração, cansaço e autocobrança intensificam sintomas emocionais nesta época; especialista orienta como manter o equilíbrio

01/12/2025

17:00

Dra. Andrea Ladislau

©REPRODUÇÃO

À medida que dezembro se aproxima, cresce também o sentimento de que o tempo está passando rápido demais. Para muitos, o fim do ano representa motivação, conquistas e planos renovados. Mas, para uma parcela significativa da população — especialmente pessoas com tendências depressivas ou quadros emocionais sensíveis — esse período pode desencadear tristeza, estresse, melancolia e até crises de ansiedade.

Segundo a psicanalista Andrea Ladislau, esse conjunto de sintomas é conhecido como Dezembrite, a chamada “síndrome de fim de ano”. O termo descreve o desgaste emocional típico do último mês, quando tarefas acumuladas, cobranças sociais, metas não cumpridas e a pressão das confraternizações tornam o período mais turbulento.

Por que a Dezembrite acontece

Andrea explica que o gatilho emocional costuma surgir durante o tradicional balanço pessoal: a revisão das metas, do que foi realizado ou não ao longo do ano. Esse processo pode aumentar o nível de autoexigência, culpa, exaustão mental e frustrações.

A psicanalista destaca também a influência da cobrança social: a ideia de que é preciso estar sempre feliz, sorrindo e celebrando, mesmo quando a pessoa não está emocionalmente bem.

“Essa necessidade contínua rouba a essência humana, camufla fragilidades e impede que sentimentos legítimos sejam reconhecidos e tratados”, afirma Andrea.

Sintomas mais comuns

De acordo com a especialista, as emoções típicas da Dezembrite incluem:

  • cansaço extremo

  • tristeza profunda

  • ansiedade e insegurança

  • frustração e irritabilidade

  • estresse elevado

  • sensação de esgotamento

  • vontade de isolamento

  • amargura ou melancolia

Além disso, o excesso de demandas em dezembro — eventos, presentes, prazos de trabalho, pressões familiares — potencializa o desconforto emocional.

Como enfrentar a Dezembrite

Para Andrea, é essencial reduzir cobranças internas e respeitar limites pessoais. A recomendação é fazer apenas o necessário, desacelerar e priorizar autocuidado.

Entre as orientações da psicanalista e neuropsicóloga estão:

  • Dar menos importância a falas inconvenientes em ambientes familiares

  • Evitar fingir felicidade para agradar os outros

  • Ter coragem de dizer “não” quando necessário

  • Não se culpar por não conseguir estar presente em todos os compromissos

  • Manter o acompanhamento terapêutico, mesmo que com menor frequência

  • Preservar rotinas de alimentação, sono e exercícios antes das festas

Segundo Andrea, a manutenção do equilíbrio emocional no fim do ano é crucial para iniciar o próximo ciclo com consciência e bem-estar.

“A Dezembrite só se instaura se encontrar terreno fértil. Leveza e calmaria devem fazer parte dos últimos dias do ano para que a nova jornada comece com saúde física e mental”, conclui.

Sobre a especialista

Andrea Ladislau é doutora em Psicanálise Contemporânea, neuropsicóloga, palestrante e membro da Academia Fluminense de Letras. Atua também com projetos de apoio emocional, como o grupo Reflexões Positivas, criado durante a pandemia para auxiliar pessoas de todo o Brasil.

Instagram: @dra.andrealadislau


Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.

Últimas Notícias

Veja Mais

Envie Sua Notícia

Envie pelo site

Envie pelo Whatsapp

Rede News MS © 2021 Todos os direitos reservados.

PROIBIDA A REPRODUÇÃO, transmissão e redistribuição sem autorização expressa.

Site desenvolvido por: