Política / Justiça
Riedel elogia Paraguai e Argentina por classificarem PCC e CV como organizações terroristas
Governador de Mato Grosso do Sul critica “romantização” do crime e defende combate aliado à educação e inclusão social
31/10/2025
18:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O governador Eduardo Riedel (PP) elogiou a decisão de Paraguai e Argentina de classificar as facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) como grupos terroristas, medida que, segundo ele, fortalece o cerco internacional ao crime organizado nas fronteiras do Brasil. As declarações foram dadas nesta sexta-feira (31) durante a assinatura da ordem de serviço para construção do restaurante estudantil da UEMS, em Campo Grande.
Riedel destacou que a medida dos países vizinhos amplia o enfrentamento ao crime organizado, especialmente na fronteira sul-mato-grossense, uma das mais vulneráveis do país.
“Se eles decretaram, vão ter uma pressão maior sobre esses grupos. Aumenta o cerco no Paraguai e na Argentina, e isso é extremamente positivo para nós”, avaliou o governador.
Ele lembrou que o Departamento de Operações de Fronteira (DOF) atua de forma permanente nos 1.600 quilômetros de fronteira de Mato Grosso do Sul, por terra, rio e ar, realizando apreensões anuais superiores a 500 toneladas de drogas, além de armas.
Atualmente, cerca de 34% da população carcerária do Estado é composta por presos vindos de outros estados, reflexo direto da pressão nas rotas do tráfico.
O governador afirmou que o debate sobre segurança pública tem sido tratado de forma politizada e ideológica, criticando o que chamou de “romantização do crime” em certos discursos públicos.
“Se a gente ficar romantizando ou politizando essa história, a gente perde o foco. O enfrentamento tem que ser firme, mas com educação, inclusão e oportunidades”, disse Riedel.
Ele comparou os diferentes modelos de atuação das facções:
No Rio de Janeiro, segundo ele, há domínio territorial das comunidades, onde o crime substitui o Estado e presta serviços públicos;
Em São Paulo, a atuação é econômica e disfarçada, infiltrando-se em setores como combustíveis, apostas e comércio de luxo para lavagem de dinheiro.
Ao comentar a recente operação policial no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos, Riedel defendeu a integração entre União, estados e forças policiais como estratégia para enfrentar o avanço das facções.
“Não podemos politizar essa discussão. A segurança pública virou palanque para 2026, e isso é um erro. O mais importante é a capacidade das polícias e das inteligências se articularem com apoio da União”, afirmou.
O governador também comentou a PEC da Segurança Pública, que busca institucionalizar um sistema unificado de cooperação entre os entes federativos.
Segundo ele, a proposta “não deve ser tratada como bandeira política”, mas como ferramenta técnica:
“A PEC é um arcabouço legal. O que faz diferença é a prática, o dia a dia das operações integradas. O consórcio é o exercício da prática; a PEC apenas constitucionaliza o que já pode ser feito”, explicou.
Riedel destacou ainda que o Estado participa de iniciativas como o Consórcio Brasil Verde e o SUMASP (Consórcio de Segurança Pública do Sul e Sudeste), que reúnem governos estaduais para compartilhar dados e ações conjuntas.
“É isso que precisamos fazer: integrar, trocar informações e permitir que as polícias atuem juntas. Segurança pública tem que ser política de Estado, não de governo”, completou.
O governador reforçou que a repressão, por si só, não basta para reduzir a violência.
“Não tem como apertar o cerco sem ter educação, inclusão e geração de renda. O enfrentamento tem que vir acompanhado de oportunidades reais”, afirmou.
Riedel encerrou defendendo que o combate ao crime organizado seja conduzido com cooperação internacional, inteligência e políticas sociais, para que “o Estado volte a ocupar os espaços onde hoje quem manda é o medo”.
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