Interior / Terenos
Após prisão de Henrique Budke, vice-prefeito Arlindo Landolfi assume comando da Prefeitura de Terenos
Gestor afastado é acusado de liderar esquema de corrupção que desviou mais de R$ 15 milhões; defesa alega inocência e fala em “honestidade e transparência”
11/09/2025
10:45
DA REDAÇÃO
Henrique Budke pediu afastamento e vice Arlindo Landolfi vai assumir a prefeitura. (Foto: Reprodução, Redes Sociais)
A cidade de Terenos (MS) viverá nesta sexta-feira (11) um novo capítulo em sua administração municipal. O vice-prefeito Arlindo Landolfi (Republicanos) tomará posse no cargo de prefeito, após a prisão e o afastamento de Henrique Wancura Budke (PSDB), detido na última terça-feira (9) durante a Operação Spotless, que investiga fraudes em licitações, pagamento de propinas e desvios milionários dos cofres públicos.
A cerimônia está marcada para a manhã desta sexta-feira, seguida de uma entrevista coletiva às 11h, quando Landolfi deve comentar os rumos da cidade em meio à crise política.
Nesta quinta-feira (10), a defesa de Budke apresentou pedido formal de afastamento do cargo, justificando que o tucano pretende se concentrar em sua defesa.
“Henrique foi surpreendido com a operação, pois sempre pautou sua vida em honestidade e transparência. Pediu afastamento do cargo para poder se concentrar em sua defesa e aguarda a evolução das apurações, depositando na Justiça a confiança de que a verdade provará sua inocência”, declarou o advogado Julicezar Barbosa.
Segundo a investigação conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), Budke teria recebido R$ 646 mil em propina entre 2021 e 2024, sendo o maior pagamento no valor de R$ 255 mil, referente à construção de um bloco da Escola Jamic.
Relatórios anexados à decisão judicial apontam que, em quatro anos, o patrimônio do prefeito cresceu 318%: de R$ 776 mil declarados em 2020 para R$ 2,46 milhões em 2024. Para os investigadores, os recursos ilícitos foram direcionados para a compra de imóveis e empresas, caracterizando progressão patrimonial incompatível com a função pública.
A denúncia afirma que Budke liderava um esquema estruturado em núcleos, no qual servidores públicos fraudavam editais de licitação para favorecer empresas previamente escolhidas. Os contratos simulavam competição, mas eram direcionados.
Além disso, agentes públicos recebiam propinas para atestar falsamente entregas de produtos e serviços que nunca foram realizados e para agilizar pagamentos irregulares. Apenas em 2024, as fraudes somaram mais de R$ 15 milhões.
A Operação Spotless teve como base provas coletadas na Operação Velatus, deflagrada em agosto de 2024. A ação mobilizou policiais do BPChoque e do Bope, além de cumprir 16 mandados de prisão e 59 mandados de busca e apreensão em Terenos, Campo Grande e Santa Fé do Sul (SP).
Entre os presos estão empresários, servidores públicos e o próprio prefeito. A lista inclui nomes como Arnaldo Santiago, Eduardo Schoier, Fábio André Hoffmeister Ramires, Fernando Seiji Alves Kurose, Genilton da Silva Moreira, Hander Luiz Corrêa Chaves, Nadia Mendonça Lopes, Orlei Figueiredo Lopes, Sandro José Bortoloto e Sansão Inácio Rezende, além de outras dezenas de investigados ligados a construtoras e prestadoras de serviços.
Batizada de Spotless (sem manchas, em inglês), a operação faz referência à necessidade de que os processos de contratação pública sejam transparentes e livres de irregularidades.
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