A morte de Raquel Perciliano, de 59 anos, encontrada em uma área de mata próxima a um córrego em Terenos, a 31 quilômetros de Campo Grande, ganhou novos contornos nesta segunda-feira (28). A Polícia Civil investiga o caso inicialmente registrado como ocultação de cadáver e morte por causa indeterminada, mas agora apura também a hipótese de homicídio culposo, após o surgimento de uma contradição na versão apresentada pelo principal suspeito.

Depoimento contraditório levanta dúvidas

Segundo o delegado Gabriel Desterro, responsável pela investigação, um homem de 48 anos se apresentou espontaneamente à Polícia Civil e confessou que manteve um relacionamento extraconjugal com Raquel. Ele contou que, durante uma relação sexual, a mulher teria sofrido um mal súbito e morrido. Assustado, ele decidiu abandonar o corpo em uma valeta próxima.

“Negou qualquer agressão ou discussão. Disse que ela passou mal e morreu, então resolveu largá-la no mato”, relatou o delegado.

Contudo, um laudo preliminar do perito médico-legista apontou que uma das lesões no corpo teria sido causada ainda em vida, o que contradiz a narrativa de morte natural.

“Essa lesão, em tese, ocorreu enquanto ela ainda estava viva, o que vai de encontro ao que ele disse. Por isso, a linha de investigação agora também considera a hipótese de homicídio culposo”, explicou o delegado Desterro.

O que diz a perícia

Apesar da suspeita levantada pela lesão, a causa oficial da morte foi infarto, conforme indicou o parecer médico. O corpo foi submetido a exames no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), cujos laudos oficiais ainda são aguardados.

Além disso, a análise do local onde Raquel foi encontrada pode trazer novos elementos para elucidar o caso.

Vítima estava desaparecida desde sexta-feira

Familiares relataram que Raquel Perciliano estava desaparecida desde o meio-dia da última sexta-feira (26). Em entrevista ao Campo Grande News, uma das filhas da vítima contou que a mãe não costumava desaparecer sem dar notícias:

“Ficamos preocupados porque ela não era de sumir. Meu primo ligou para um conhecido na delegacia e ficamos sabendo que o corpo foi encontrado”, disse a filha, que preferiu não se identificar.

A família ainda aguarda esclarecimentos formais sobre a causa da morte e as circunstâncias que envolveram o abandono do corpo.

Sepultamento

Raquel foi sepultada na manhã desta segunda-feira (28), às 8h, no Cemitério Municipal de Terenos, sob forte comoção da família e amigos.

A Polícia Civil segue com as seguintes linhas investigativas:

• Ocultação de cadáver (já confirmada)

• Morte por causa indeterminada (em análise)

• Homicídio culposo (em investigação, devido à lesão constatada)

• Análise de imagens e testemunhas