Política / Justiça
Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, é preso pela PF por descumprir medidas do STF
Ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão após tentativa de acessar informações sigilosas da delação de Mauro Cid
18/06/2025
16:00
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta quarta-feira (18), em Sobradinho (DF), o coronel Marcelo Costa Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ordem partiu do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após constatação de descumprimento de medidas cautelares no inquérito que apura a atuação de uma organização criminosa ligada à tentativa de golpe de Estado em 2022.
De acordo com Moraes, Marcelo Câmara, com a participação do seu advogado, Eduardo Kuntz, tentou acessar informações sigilosas da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do esquema.
Conforme decisão do STF, o advogado divulgou diálogos mantidos com Mauro Cid por meio do Instagram, o que, segundo Moraes, caracteriza tentativa de obstrução de justiça e embaraço às investigações.
As conversas indicam que o advogado de Câmara questionou detalhes da delação de Cid, sugeriu como ele deveria se referir a Marcelo Câmara nos depoimentos e perguntou se Cid teria firmado o acordo de colaboração espontaneamente ou sob pressão.
“A tentativa, por meio de seu advogado, de obter informações então sigilosas do acordo de colaboração premiada de Mauro Cid indicam o perigo gerado pelo estado de liberdade do réu Marcelo Câmara, em clara tentativa de embaraçar as investigações”, afirmou Moraes no despacho.
O ministro aponta que Câmara violou, de forma explícita, duas restrições impostas pelo STF:
Proibição de uso de redes sociais, direta ou indiretamente
Vedação de contato com outros investigados, inclusive por intermediários
Para Moraes, o comportamento de Câmara “revela completo desprezo às decisões do Supremo e ao Poder Judiciário” e reforça o risco de interferência no curso das investigações.
Abertura de novo inquérito contra o advogado Eduardo Kuntz
Determinação de um novo depoimento de Mauro Cid à Polícia Federal
Manutenção da prisão preventiva de Marcelo Câmara, até nova decisão
Em entrevista à GloboNews, Eduardo Kuntz alegou que as conversas ocorreram porque “foi procurado por Cid”, e que a iniciativa fazia parte de uma “investigação defensiva” em favor de seu cliente, Marcelo Câmara.
No entanto, a cláusula de confidencialidade do acordo de delação e a própria decisão do STF proíbem qualquer contato entre investigados, diretos ou por terceiros.
Marcelo Câmara foi citado por Mauro Cid como um dos integrantes do núcleo de inteligência paralela no entorno de Bolsonaro.
O inquérito apura a tentativa de golpe de Estado, articulações antidemocráticas e atuação de uma organização criminosa para fraudar processos institucionais.
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