Campo Grande (MS), Segunda-feira, 16 de Junho de 2025

Política / Eleições 2026

Lula quer Simone no Senado e abre crise no PT de MS; aliança com Riedel fica ameaçada

Movimento do Planalto pressiona Vander Loubet, redesenha a disputa eleitoral e pode romper aliança histórica entre PT e PSDB em Mato Grosso do Sul

16/06/2025

09:30

DA REDAÇÃO

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está articulando a candidatura da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), ao Senado por Mato Grosso do Sul em 2026. A movimentação, que ganhou força nos bastidores e foi confirmada pelo deputado estadual e ex-governador Zeca do PT, promete redesenhar o cenário político estadual e criar uma crise interna no próprio PT, além de colocar em xeque a aliança com o governador Eduardo Riedel (PSDB).

“Tem essa história e queremos confirmar se procede ou não, de que Lula pode solicitar uma articulação para a candidatura da Simone como senadora. Evidentemente, não queremos contrariar o presidente, ele é nosso líder”, afirmou Zeca, em entrevista ao portal Campo Grande News.

O impasse surge porque o PT já tem um pré-candidato natural ao Senado: o deputado federal Vander Loubet (PT). Caso a candidatura de Simone se concretize com o apoio do Planalto, o partido deverá abrir mão do seu nome, criando desconforto na base e acirrando disputas internas.

Plano nacional impacta o jogo regional

A estratégia de Lula vai além de MS. O presidente busca fortalecer o campo governista no Senado, neutralizar o avanço da extrema direita e impedir que uma maioria bolsonarista coloque em risco pautas fundamentais, como impeachment de ministros do STF e obstruções legislativas contra o governo federal.

Em conversas reservadas, lideranças do MDB confirmam que Simone só aceitaria a missão se o pedido vier diretamente de Lula. A ministra perdeu parte de sua base conservadora ao se aliar ao presidente em 2022 e vê na candidatura ao Senado uma forma de reforçar sua posição política.

Risco de rompimento com Riedel e PSDB

Se Lula bancar Simone com apoio do PT, a aliança com Riedel, que nasceu nas eleições de 2022, pode desmoronar. Naquele pleito, o PT apoiou o tucano no segundo turno contra o bolsonarista Capitão Contar (PRTB), garantindo ao PSDB governabilidade sem oposição de esquerda pela primeira vez na história do Estado.

Em troca, o PT passou a ocupar espaços no governo, como a Agência de Desenvolvimento Agrário (Agraer) e oito subsecretarias. O movimento pró-Simone, no entanto, está levando aliados de Riedel a defenderem o rompimento com o PT e até a entrega dos cargos, incluindo a Casa Civil, hoje ocupada por Eduardo Rocha, marido de Simone.

Zeca do PT tenta evitar o rompimento, mas exige do governador “isonomia na disputa” e respeito à autonomia do partido. “Queremos espaço e isonomia na disputa. O PT não abrirá mão da sua dignidade política,” reforçou.

Senado no centro da guerra eleitoral

A eleição de 2026 para o Senado terá efeito nacional, com a renovação de 54 cadeiras. No Mato Grosso do Sul, o cenário é de intensa disputa, com pelo menos sete nomes competitivos.

Entre os favoritos estão:

  • Nelsinho Trad (PSD), que já destinou R$ 2,3 bilhões em emendas entre 2019 e 2024;

  • Soraya Thronicke (Podemos), com R$ 450,8 milhões em recursos enviados e mais R$ 210 milhões previstos até 2026;

  • Reinaldo Azambuja (PSDB), ex-governador, que articula sua candidatura;

  • Gianni Nogueira (PL), vice-prefeita de Dourados, apoiada por Jair Bolsonaro;

  • Tereza Cristina (PP), que deve lançar como candidato o deputado federal Luiz Ovando ou o presidente da Assembleia, Gerson Claro;

  • Vander Loubet (PT), caso resista à pressão interna;

  • E, agora, Simone Tebet (MDB), que, se aceitar o convite de Lula, entra na disputa como favorita de uma frente ampla.

Impacto na direita e na federação

Nos bastidores, a possível candidatura de Simone pode gerar efeito cascata. O governador Riedel e o ex-governador Azambuja flertam com o PL e monitoram a possibilidade de uma federação entre MDB, Republicanos e PSD, que pode lançar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como candidato à presidência, arrastando o bolsonarismo moderado.

Uma fonte ligada ao PSDB afirma que, nesse cenário, Azambuja pode assumir o comando do PL em Mato Grosso do Sul, formalizando de vez a migração para uma direita mais alinhada nacionalmente.

PT pode lançar Fábio Trad para o governo

Caso a aliança com os tucanos se desfaça, o PT já discute internamente lançar candidatura própria ao governo estadual. O nome que surge como favorito é do advogado e ex-deputado federal Fábio Trad, que já foi sondado pela direção do partido.

Fábio, no entanto, resiste à ideia. “Se hoje fosse convidado, diria não. Estou muito resistente à ideia de voltar para a política. Pode ser que isso mude,” declarou.

Polarização segue, mas com novo formato

Para o cientista político Daniel Miranda, da UFMS, a polarização entre Lula e Bolsonaro não deve ser anulada, mesmo com a possível ausência do ex-presidente nas urnas.

“Ela já está estruturada no Brasil. A ausência de Bolsonaro pode diminuir o tom, mas não elimina o conflito,” afirma. Segundo ele, Mato Grosso do Sul reflete esse ambiente, mas com uma direita mais pragmática, que não depende diretamente do bolsonarismo.

Resumo dos impactos no cenário eleitoral de MS:

  • Lula articula Simone Tebet para o Senado, com apoio do PT;

  • Pressão interna cresce e pode derrubar a pré-candidatura de Vander Loubet;

  • Aliança entre PT e PSDB fica por um fio;

  • PSDB e Riedel podem se aproximar do PL e fortalecer a direita local;

  • PT cogita lançar Fábio Trad ao governo estadual;

  • Disputa pelo Senado se torna o epicentro da reconfiguração política em MS.


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