Campo Grande (MS), Sábado, 07 de Junho de 2025

Saúde Mental

Psiquiatra alerta para riscos emocionais do vínculo excessivo com bebês reborn

Bonecas hiper-realistas podem ajudar na superação de perdas, mas uso exagerado pode indicar sofrimento psíquico, afirma especialista

07/06/2025

11:00

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

Com aparência extremamente realista — desde os traços delicados, cabelos implantados fio a fio, até cheiro de talco e certidão de nascimento — os bebês reborn têm conquistado um público crescente entre adultos, idosos e adolescentes. Muito além de brinquedos, essas bonecas hiper-realistas são vistas como objetos de afeto, itens de colecionismo e, em alguns casos, ferramentas terapêuticas.

Segundo a psiquiatra Luana Dantas, coordenadora do Núcleo Infantojuvenil da Holiste Psiquiatria, o uso de bonecas reborn pode ter valor simbólico positivo em contextos específicos, como:

  • Mulheres em luto gestacional ou pós-parto

  • Idosos em lares ou instituições, enfrentando solidão

  • Pacientes em clínicas que precisam de apoio emocional temporário

“Em contextos específicos, elas ajudam a reorganizar o emocional da pessoa. Servem como apoio simbólico na elaboração do luto, da ansiedade ou da solidão”, explica a médica.

Quando o afeto simbólico se transforma em alerta

Contudo, a especialista ressalta que o uso deve ser consciente e acompanhado, especialmente quando começa a substituir interações humanas reais.

“Quando a boneca deixa de ser um objeto simbólico e passa a ocupar o espaço de uma relação real, impedindo a pessoa de lidar com perdas ou de se conectar com o mundo, isso pode ser um sinal de sofrimento psíquico que merece atenção”, alerta a psiquiatra.

Entre os riscos associados estão:

  • Isolamento social progressivo

  • Negação do luto ou da realidade

  • Substituição de vínculos humanos por vínculos artificiais

  • Quadros ansiosos, depressivos ou dissociativos não tratados

Bebês reborn: entre o afeto e a fuga emocional

A psiquiatra enfatiza que o problema não está nas bonecas em si, mas na forma como são utilizadas. Assim como outras estratégias de enfrentamento, o uso terapêutico das reborn deve ser orientado por profissionais da saúde mental, especialmente em casos de perda significativa ou isolamento emocional.


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