Campo Grande (MS), Sábado, 19 de Abril de 2025

Polícia / Justiça

Mãe acusa GCM de execução e remoção de provas após morte de jovem em Campo Grande

Gabriel Azevedo foi morto com dois tiros por guarda da Romu; DVR de câmera de segurança teria sido retirado do local

18/04/2025

12:30

CGN

DA REDAÇÃO

Movimentação de guardas no local onde Gabriel morreu (Foto: Osmar Veiga)

A morte de Gabriel Willian Cardoso de Azevedo e Silva, conhecido como "Zoio de Gato", durante uma abordagem da Guarda Civil Metropolitana (GCM) em Campo Grande, gerou forte comoção e denúncias graves de abuso policial. O caso ocorreu no fim da tarde desta quinta-feira (17), no Bairro Aymoré, e está sendo investigado pela Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social (Sesdes).

A mãe do jovem, Claudineia Barbosa, 43 anos, professora, acusa os agentes de execução sem confronto, entrada irregular na residência e remoção de provas — incluindo o equipamento DVR, que armazenava as imagens das câmeras de segurança instaladas na casa da vítima.

“Na casa do meu filho tinha câmera. Eles arrancaram o DVR. Levaram a verdade embora”, afirmou Claudineia.

Mãe relata execução e ausência de socorro

Segundo o relato de Claudineia, o filho foi baleado na perna dentro de casa, tentou fugir e foi novamente atingido, dessa vez no peito, já na rua. Ela afirma que não houve confronto e que testemunhas confirmaram que Gabriel não estava armado:

“Chamaram ele pelo nome e atiraram. Ele correu com medo. Isso não é justiça, é execução”, denunciou.
“Falaram que meu filho tinha arma. Eu não sei. Mas sei que ele não atirou. Ele não teve chance.”

A mãe também questiona a presença de um guarda fora de serviço no momento da ação:

“Quero saber o que um guarda fora de serviço fazia entrando armado, sem mandado, na casa do meu filho.”

Gabriel foi levado à UPA Universitária, mas, segundo Claudineia, já chegou sem vida e sem marcas de atendimento médico: “Fui eu quem ajeitei o corpo dele.”

Versão oficial aponta legítima defesa

A Sesdes confirmou que o disparo foi feito por um agente da Romu (Ronda Ostensiva Municipal), que estava de folga e usava veículo particular. Segundo nota oficial, o guarda avistou Gabriel — que usava tornozeleira eletrônica — com uma sacola e uma arma visível na cintura. Ao tentar abordá-lo, o jovem teria fugido e, em seguida, apontado a arma para o agente.

O agente reagiu com dois disparos, alegando legítima defesa. Após o ocorrido, a própria equipe da Romu e a Polícia Militar foram acionadas. Dentro da sacola, os agentes teriam encontrado grande quantidade de substância semelhante ao crack.

Ainda de acordo com a secretaria, Gabriel tinha passagens por tráfico de drogas e violência doméstica.

Velório marcado por dor e protesto

O corpo de Gabriel está sendo velado nesta sexta-feira (18), na capela do cemitério Memorial Park, em Campo Grande. A cerimônia de despedida, iniciada às 7h30, reúne familiares e amigos visivelmente abalados. O sepultamento está previsto para as 16h30.

A Sesdes informou que abriu um procedimento administrativo interno para apurar a conduta dos agentes envolvidos. A Polícia Civil também deve conduzir investigação paralela.


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