Campo Grande (MS), Quarta-feira, 05 de Fevereiro de 2025

Política

Deputados propõem comissão para fiscalizar insumos de crianças com deficiência

Parlamentares querem monitorar fornecimento de insumos após denúncias de escassez e baixa qualidade

05/02/2025

13:00

DA REDAÇÃO

Mães de crianças com deficiência segurando cartaz na Alems (Foto: Fernanda Palheta)

Mães de crianças com deficiência protestaram nesta quarta-feira (5) no plenário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), reivindicando apoio dos deputados para garantir a regularização do fornecimento de insumos, alimentação e medicamentos adequados para seus filhos. A mobilização ocorreu após a Defensoria Pública do Estado constatar a precariedade dos produtos distribuídos pela Prefeitura de Campo Grande.

Uma fiscalização realizada em 15 de janeiro de 2025 na divisão de dispensação de insumos judicializados do Centro de Especialidades Médicas (CEM) revelou que o estoque de fraldas estava 14% abaixo do necessário para atender os processos judiciais em andamento. Além da falta de produtos, a qualidade dos insumos foi duramente criticada.

Segundo a Defensoria Pública, algumas fraldas geriátricas da marca Maxi Confort eram frágeis e pouco absorventes, comprometendo a higiene dos pacientes. Já as fraldas infantis da marca Lippi Baby se desfaziam ao toque das mãos, demonstrando material de péssima qualidade.

Mães relatam dificuldades e improvisos

O protesto reuniu mães que enfrentam dificuldades diárias para conseguir insumos adequados para seus filhos. Elizangela Silva de Souza, 42 anos, destacou que, apesar de já terem cobrado uma solução da Prefeitura em outubro de 2024, nada foi resolvido.

"Acusaram nossa manifestação de ser ação eleitoreira, então voltamos agora para mostrar que ainda precisamos de apoio, independentemente de política. A última vez que recebemos fraldas de qualidade foi em outubro, justamente na época da eleição. Depois disso, sempre está faltando ou entregam fraldas ruins, que causam alergia e assaduras", protestou.

Outro relato marcante foi o de Mariana de Sousa Moreira, 38 anos, mãe de uma menina de 13 anos acamada. Sem receber fraldas regularmente, ela precisou improvisar com lençóis de cama e chegou a pedir dinheiro emprestado para comprar pomadas para tratar as feridas da filha.

"Durante os meses sem fornecimento, cortei lençóis de cama para fazer fraldas. Quando recebemos as novas, eram de péssima qualidade, vazavam e causavam assaduras. Minha filha agora tem feridas e eu tive que pedir dinheiro para comprar pomadas", lamentou.

Deputados propõem comissão para acompanhar a situação

Diante da denúncia das mães, o deputado Pedro Pedrossian Neto (PSD) apresentou um requerimento para criação de uma comissão temporária de representação, com o objetivo de monitorar e acompanhar as demandas do Movimento de Mães Atípicas de Campo Grande.

O parlamentar criticou a falta de compromisso das autoridades e ressaltou a necessidade de uma intervenção do Estado para garantir que essas famílias tenham acesso a insumos essenciais.

"São fraldas, leites, medicamentos e insumos básicos. Diante do descumprimento de liminares e da tentativa de politização desse tema, precisamos encontrar soluções dentro da lei para que o Estado seja solidário e atue quando a Capital falha. Quero convidar parlamentares para criar essa interlocução, buscar apoio da Secretaria de Assistência Social e entender como o SUS pode ajudar essas mães. Ninguém interrompe sua vida para protestar se não for por algo justo", afirmou.

Número de crianças atendidas é insuficiente

A deputada Gleice Jane (PT) ressaltou a gravidade da situação, destacando que cerca de 5 mil crianças dependem dos insumos fornecidos pela Prefeitura, mas menos de 20% estão sendo atendidas.

"Essas mães muitas vezes precisam parar de trabalhar para cuidar dos filhos e deixam de ter uma renda. Elas ficam completamente dependentes do Estado. Sabemos que a responsabilidade do cuidado recai principalmente sobre as mulheres, e isso nos preocupa. Precisamos buscar diálogo com a Prefeitura para entender onde está o problema e garantir que essas crianças sejam atendidas", afirmou.

Apoio parlamentar e próximos passos

A criação da comissão temporária recebeu apoio de vários deputados, entre eles Neno Razuk (PL), João Henrique Catan (PL), Lia Nogueira (PSDB) e Mara Caseiro (PSDB). O requerimento agora será analisado pela Mesa Diretora da ALEMS, que decidirá sobre a viabilidade da proposta.

A expectativa é que, com a aprovação da comissão, os parlamentares possam atuar junto ao governo estadual e ao município para garantir que as entregas de insumos sejam mantidas regularmente e que a qualidade dos produtos seja assegurada.

O caso segue em debate, com a mobilização das mães e parlamentares para evitar novos episódios de escassez e precariedade nos insumos destinados às crianças com deficiência.


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